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Von der Leyen cancela visita tradicional à Hungria em retaliação à "missão de paz" de Orbán

Assim, Bruxelas deu o primeiro passo para boicotar a presidência húngara do Conselho da UE por causa das viagens de Orbán a Moscou e Pequim.
Von der Leyen cancela visita tradicional à Hungria em retaliação à "missão de paz" de OrbánGettyimages.ru / Pier Marco Tacca

O Conselho de Administração da Comissão Europeia (CE) não estará presente na Hungria, que recentemente assumiu a presidência do Conselho Europeu, embora essa visita seja um evento tradicional, anunciou na segunda-feira Eric Mamer, porta-voz da presidente da instituição, Ursula von der Leyen.

As presidências geralmente começam com uma viagem dos representantes da Comissão Europeia ao país que exerce a presidência, durante a qual eles se reúnem com ministros, funcionários do Governo local e comissários.

"À luz dos recentes acontecimentos que marcam o início da Presidência húngara, a presidente [da Comissão] decidiu que a Comissão será representada apenas em nível de altos funcionários nas reuniões informais do Conselho. Não haverá viagens do colegiado de comissários para a presidência", escreveu.

Por sua vez, o ministro húngaro de Assuntos Europeus, Boka Janos, criticou a Comissão, lembrando que seu dever é "enfrentar os desafios comuns" com todos os Estados-membros, sem exceção. "A UE é uma organização internacional composta por seus Estados-membros. A Comissão Europeia é uma instituição da UE. A Comissão Europeia não pode escolher com quais instituições e Estados-membros quer cooperar", denunciou.

O anúncio de Mamer ocorre após as visitas de Orbán a Moscou e Pequim no início do mês, como parte da "missão de paz" do primeiro-ministro. Anteriormente, o político também visitou a Ucrânia e teve uma reunião com o líder do regime de Kiev, Vladimir Zelensky. Durante sua estada na capital russa, Orbán explicou que "o número de países [europeus] que podem falar com ambos os lados do conflito está se esgotando rapidamente". Portanto, ele gostaria de saber qual é a posição de Moscou em questões importantes para a Europa.

Após sua reunião com o presidente chinês Xi Jinping, o primeiro-ministro húngaro escreveu em sua conta na rede social X que "a China é uma potência fundamental na criação de condições para a paz" no conflito ucraniano.

As ações de Orbán provocaram uma forte reação de seus homólogos europeus, que afirmam que as posições do Conselho Europeu "excluem contatos oficiais" entre a UE e o presidente russo Vladimir Putin. Como resultado, várias autoridades de alto escalão do bloco afirmaram que a reunião era de natureza puramente bilateral e que o lado húngaro não havia obtido nenhuma autorização para que ela ocorresse.

Enquanto isso, alguns meios de comunicação informam que Orbán está sob pressão por sua "missão de paz". De acordo com o Politico, vários países da UE ameaçaram o primeiro-ministro com "consequências práticas" se ele continuar com seus esforços diplomáticos. Além disso, segundo vários relatórios, a presidência rotativa de Budapeste do Conselho da UE, assumida em 1º de julho, está em discussão.