Através de suas missões diplomáticas no Brasil, a França, a Itália e a Alemanha exerceram influência no Congresso Nacional para ''tirar a obrigatoriedade do espanhol no Novo Ensino Médio''. As informações foram recentemente publicadas pela CNN Brasil.
Ao veículo, uma representante da embaixada da França no Brasil, Hélène Ducret, confirmou as informações. Ducret afirmou que se o espanhol fosse tornado obrigatório nas escolas, como originalmente queria o Senado brasileiro, as ''consequências seriam tremendas''.
"O espanhol já é a escolha para 95% dos brasileiros que vão aprender uma segunda língua. Uma determinação do governo para o ensino médio seria catastrófica para as outras línguas. Somos a favor do plurilinguismo", argumenta Ducret, adida de cooperação educativa da embaixada da França no Brasil.
A CNN Brasil escreve, citando informações da embaixada da França, que durante as articulações sobre a nova lei do ensino médio, ''representantes da língua francesa se reuniram com líderes partidários no Congresso Nacional, com o relator do texto na Câmara, deputado Mendonça Filho (União-PE), e com o ministro da Educação, Camilo Santana''.
"Integração da América Latina"
Conforme apontado por diversos usuários nas redes sociais após a divulgação da notícia, o espanhol é falado pela ampla maioria dos vizinhos latino-americanos do Brasil. Seu ensino nas escolas seria positivo, segundo especialistas, para a integração regional e o fortalecimento econômico do continente, facilitando o comércio bilateral e as parcerias culturais e educativas.
Para a linguista Doutora Marcia Paraquett, o ensino do espanhol e a formação de professores do idioma é de importância fundamental, sobretudo diante da necessidade em construir uma identidade latino-americana face à histórica influência de potências estrangeiras na região.
"Quando enfatizo os saberes que julgo essenciais a meus alunos, não perco de vista esse meu compromisso social e político. Também quero, como Arnoux, que meus alunos e os alunos de meus alunos tomem consciência de sua cidadania sul-americana", escreve a autora.
O Projeto de Lei do Novo Ensino Médio foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 9 de julho. Após a pressão dos países europeus, Mendonça Filho, relator do projeto, retirou mudanças implementadas pelo Senado no texto - a incluir a obrigatoriedade do ensino do espanhol.