O Governo da China se opôs "firmemente" às acusações dos EUA de que o gigante asiático está apoiando a indústria de defesa da Rússia.
Durante um fórum público na cúpula da OTAN na quarta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acusou Moscou de acumular armamentos no último ano e meio, o que foi "o resultado de uma base industrial de defesa alimentada pela China".
No dia seguinte, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Lin Jian, comentou sobre essas declarações em uma coletiva de imprensa. "Nós nos opomos veementemente à disseminação de informações falsas pelos Estados Unidos sobre o suposto apoio da China ao setor de defesa russo, que não tem nenhuma evidência que o sustente", manifestou. "Deploramos e rejeitamos as declarações errôneas do lado norte-americano", enfatizou.
Ele também lembrou que, no início do conflito na Ucrânia, Washington espalhou rumores falsos de que a China estava fornecendo apoio militar à Rússia. "Até hoje, os EUA não apresentaram nenhuma evidência substancial", explicou o porta-voz, acrescentando que até mesmo os líderes militares dos EUA admitiram que não houve assistência militar.
Dois pesos e duas medidas dos EUA
Por outro lado, ele destacou o fracasso das sanções antirrussas impostas pelo Ocidente, ressaltando que nem mesmo os EUA e seus aliados pararam de negociar com Moscou. "A maioria dos países do mundo não aplica sanções contra a Rússia e não interrompe seu comércio com a Rússia. A China é tudo menos um bode expiatório para os EUA", enfatizou Lin.
"Enquanto culpam o comércio normal da China com a Rússia, os EUA estão aprovando leis para fornecer ajuda maciça à Ucrânia. Isso é uma hipocrisia flagrante e dois pesos e duas medidas", disse o funcionário.
"Os EUA frequentemente se proclamam campeões da justiça, defensores dos direitos humanos e policiais mundiais, mas suas ações alimentam tensões, criam guerras e incitam o antagonismo e o confronto", observou.
Críticas à cooperação com a Rússia
Durante a cúpula da OTAN mencionada anteriormente, os países membros da organização condenaram Pequim por sua "parceria estratégica cada vez mais profunda" com Moscou, acusando ambos de tentar "minar e remodelar a ordem internacional baseada em regras".
Na mesma linha, o presidente dos EUA, Joe Biden, ameaçou o gigante asiático por suas relações com a Rússia. "Temos que nos certificar de que Xi Jinping entenda que há um preço a ser pago por minar tanto a orla do Pacífico quanto a Europa no que diz respeito à Rússia e suas relações com a Ucrânia", assegurou o mandatário.
"Acho que veremos que alguns de nossos amigos europeus estarão preparados para reduzir seus investimentos na Rússia, desculpe-me, quero dizer na China, se a China continuar a fornecer assistência indireta à Rússia em termos de impulsionar sua economia, bem como ajudá-la em sua capacidade de lutar na Ucrânia", comentou.
"Não estamos criando blocos ou alianças"
Embora o rápido fortalecimento das relações russo-chinesas preocupe o Ocidente, o presidente russo Vladimir Putin disse na semana passada que a colaboração entre Moscou e Pequim não é dirigida contra ninguém.
"Não estamos criando blocos ou alianças [...], estamos simplesmente agindo no interesse de nossos povos", explicou o líder russo durante uma reunião com seu colega chinês, Xi Jinping, à margem de sua participação na cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) em Astana, capital do Cazaquistão. "As relações russo-chinesas estão no melhor momento de sua história, com base nos princípios de igualdade de direitos", disse ele.