OTAN se compromete a modernizar seu arsenal nuclear e a fornecer mais ajuda a Kiev
Os países da OTAN se comprometeram a acelerar ainda mais a modernização de sua defesa coletiva, incluindo a renovação de suas capacidades nucleares e o fortalecimento de suas capacidades de planejamento nuclear "adaptando-se conforme necessário".
"A OTAN continua comprometida em tomar todas as medidas necessárias para garantir a credibilidade, a eficácia, a segurança e a proteção da missão de dissuasão nuclear da Aliança, inclusive por meio da modernização de suas capacidades nucleares", relata um comunicado emitido pelos chefes de Estado e de Governo na reunião do Conselho do Atlântico Norte na terça-feira, em Washington.
Os líderes do bloco militar afirmaram que, embora a defesa antimísseis possa complementar o papel das armas nucleares na dissuasão, ela não pode substituí-las e que "enquanto existirem armas nucleares, a OTAN continuará sendo uma aliança nuclear".
Após listar seus planos de modernização nuclear, a Aliança Atlântica condenou a "retórica nuclear irresponsável" da Rússia e sua sinalização nuclear "coercitiva". De acordo com os líderes do bloco, a Rússia aumentou sua dependência de sistemas de armas nucleares e continuou diversificando suas forças nucleares, representando "uma ameaça crescente para a Aliança".
Promessas para a Ucrânia
Nesse contexto, a OTAN reafirmou sua classificação da Rússia como "a ameaça mais significativa e direta à segurança" e se comprometeu a implementar um pacote de medidas para alocar mais assistência à Ucrânia.
A aliança decidiu criar a Unidade de Treinamento e Assistência à Segurança da OTAN para a Ucrânia (NSATU) para coordenar o fornecimento de equipamentos militares e treinamento para as tropas de Kiev. A NSATU, que operará em países aliados, "apoiará a autodefesa da Ucrânia de acordo com a Carta das Nações Unidas", sem tornar a OTAN parte do conflito, afirmaram.
Um Compromisso de Assistência à Segurança de Longo Prazo para a Ucrânia também foi anunciado para o fornecimento de equipamentos militares, assistência e treinamento para apoiar a Ucrânia. De acordo com esse compromisso, os aliados ocidentais fornecerão um financiamento básico mínimo de 40 bilhões de euros (43,33 bilhões de dólares) no próximo ano.
Também foi aprovada a iniciativa do Secretário Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, de nomear um representante sênior da aliança na Ucrânia.
Aliados de Moscou no centro das atenções
Um ponto crucial das discussões foi o suposto papel desempenhado pelos aliados da Rússia no conflito ucraniano, com a aliança pedindo a todos os países que não forneçam nenhuma assistência a Moscou.
O bloco militar condenou a Bielorrússia por "disponibilizar seu território e infraestrutura" para a implantação de pessoal e capacidades militares russas avançadas. Também afirmou que a Coreia do Norte e o Irã "estão alimentando a guerra" ao fornecer à Rússia "apoio militar direto", como munições e drones. "Qualquer transferência de mísseis balísticos e tecnologia relacionada do Irã para a Rússia representaria uma escalada substancial", enfatizaram.
Por fim, alegaram que o aprofundamento da parceria estratégica entre a China e a Rússia é "uma questão de profunda preocupação". De acordo com a OTAN, Pequim se tornou "um facilitador decisivo" das forças russas na Ucrânia. "Pedimos à China, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU [...] que cesse todo o apoio material e político ao esforço de guerra da Rússia", concluíram.
Expansão global
O bloco militar enfatizou que continuará intensificando suas atividades em diferentes partes do mundo para "combater a influência maligna de atores estatais e não estatais".
Nesse contexto, o documento destacou que a OTAN continuará fortalecendo seu "diálogo político e cooperação prática com os Bálcãs Ocidentais para apoiar as reformas regionais, a paz e a segurança". Além disso, de acordo com o documento, a OTAN está interessada em fortalecer suas atividades na região do Mar Negro, "prestando atenção especial às ameaças à segurança [da aliança] e às possíveis oportunidades de cooperação mais estreita com os parceiros da região".
A declaração conjunta também inclui um parágrafo sobre as regiões do sul, afirmando que o objetivo é promover maior segurança e estabilidade no Oriente Médio e na África. "Hoje adotamos um plano de ação para uma abordagem mais robusta, estratégica e orientada a resultados para nossa vizinhança do sul, que será atualizado regularmente", diz o texto.
Os objetivos da aliança também incluem a expansão da cooperação com as autoridades da Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul, observando que o Indo-Pacífico é "importante para a OTAN, pois os acontecimentos nessa região afetam diretamente a segurança euro-atlântica".