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Três policiais que mataram um menino na sala de casa no Rio de Janeiro são absolvidos

A juíza considerou que os policiais agiram em legítima defesa durante uma troca de tiros contra "elementos armados".
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Durante uma operação policial em maio de 2020, João Pedro Mattos, de 14 anos, morreu após ser baleado nas costas enquanto brincava na sala da casa de seu tio no Complexo do Salgueiro, uma favela do Rio de Janeiro.

O menino foi transportado de helicóptero para receber os primeiros-socorros, mas não sobreviveu. Segundo o G1, a juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine absolveu na terça-feira os três policiais acusados da morte de João Pedro por considerar que eles agiram em legítima defesa.

A magistrada concluiu que houve uma troca de tiros entre os policiais e "elementos armados". Nesse caso, para repelir uma injusta agressão, os policiais dispararam contra o elemento que teoricamente estava se deslocando em direção ao interior da residência, acrescentou a juíza.

Ferraz Krykhtine afirmou que, embora tenha havido a morte de um adolescente inocente, os fatos investigados indicam que não pode ser inserido em um contexto de homicídio doloso praticado por policiais, uma vez que "não houve intenção de matar" João Pedro.

Casa atingida por mais de 70 disparos

Quase dois anos após o assassinato, em 2022, o Tribunal aceitou a denúncia do Ministério Público contra os policiais Mauro José Gonçalves, Maxwell Gomes Pereira e Fernando de Brito Meister.

A Promotoria reconstituiu o crime e concluiu que o tiro que matou João Pedro partiu da arma de um dos policiais e que a casa, onde o menino brincava com outras crianças, foi atingida por mais de 70 projéteis.

Na época, familiares e testemunhas afirmaram que a Polícia chegou atirando e que a cena do crime foi alterada pelos acusados, com a intenção de criar vestígios de um confronto com os criminosos. No entanto, segundo as investigações, isso não aconteceu.

A morte de João Pedro causou uma série de protestos para denunciar a violência exercida pela Polícia. Segundo o Fogo Cruzado, aplicativo que fornece alertas em tempo real de áreas com tiroteios, 660 crianças e adolescentes foram baleados nos últimos sete anos na região metropolitana do Rio de Janeiro e, entre eles, 295 morreram.