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Deputados peronistas pedem que o Governo de Milei "explique e justifique" sua recusa em participar do BRICS

A recusa "priva a Argentina de fontes de financiamento e de peso específico em sua capacidade de interlocução, diálogo e discussão", opina o ex-chanceler Santiago Cafiero.
Deputados peronistas pedem que o Governo de Milei "explique e justifique" sua recusa em participar do BRICSSputnik / Maxim Bogodvid

Membros da aliança peronista Unión por la Patria (UxP) exigiram que o Governo do presidente argentino, Javier Milei, "explique e justifique" sua decisão de não participar do BRICS, informou a mídia local no sábado.

A solicitação foi apresentada na Câmara Baixa do Congresso argentino por Santiago Cafiero, ex-ministro das Relações Exteriores do país e atual membro da bancada do bloco político de oposição. De acordo com o ex-ministro das Relações Exteriores, essa rejeição prejudicará as economias regionais, pois provocará uma onda de disputas com os principais parceiros comerciais de Buenos Aires.

"Em um mundo multipolar, fazer parte do mecanismo significa juntar-se a um grupo de países-chave para o desenvolvimento econômico que também são nossos principais parceiros comerciais", disse Cafiero. "Os BRICS representam um PIB maior que o do G7 e é por isso que essa solicitação de relatórios se baseia na importância de estabelecer se a Argentina vai romper com a tradição integracionista por causa de preconceitos ideológicos ou por causa de outra decisão particular do Governo", acrescentou.

Além disso, o deputado enfatizou que a recusa em aderir ao bloco internacional "priva a Argentina de fontes de financiamento e de peso específico em sua capacidade de diálogo e discussão".

Nesse contexto, o pedido dos deputados peronistas inclui o fornecimento de informações com dados qualitativos e quantitativos sobre os aspectos econômicos, políticos, estratégicos e culturais que sustentam a entrada da Argentina no BRICS.

"Foram avaliados os custos da exclusão do financiamento internacional do Novo Banco de Desenvolvimento? Foram consideradas as perdas que a exclusão da Argentina dos BRICS poderia gerar em termos de cooperação tecnológica, habitação, alimentação, economia do conhecimento e agricultura? Haverá mais retiradas de nosso país de outros espaços internacionais de cooperação e intercâmbio?, questionaram.

Reação da Rússia

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que a Rússia lamenta a decisão de Milei de não aderir ao bloco econômico. "É certamente lamentável, mas é um direito soberano da Argentina e nós respeitamos qualquer decisão que Buenos Aires tome", disse o porta-voz durante uma coletiva de imprensa na sexta-feira. "Os argentinos elegeram seus líderes e sentiram que não era apropriado que eles participassem desse formato neste momento", acrescentou.

No início do dia, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que a recusa de Buenos Aires em participar do BRICS foi uma decisão soberana. "Eles tomaram essa decisão. Não se trata de uma recusa em participar, é uma explicação do motivo pelo qual eles não estão prontos para isso agora", enfatizou.

Em 1º de janeiro, com o início da presidência russa do bloco, o BRICS - que inicialmente era composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - incluiu cinco novos países: Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.