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Especialistas da ONU: campanha de "fome direcionada" de Israel mata crianças em Gaza

Especialistas destacam que 34 palestinos morreram de desnutrição desde 7 de outubro, a maioria deles crianças.
Especialistas da ONU: campanha de "fome direcionada" de Israel mata crianças em GazaAshraf Amra/Anadolu

Um grupo de especialistas independentes da ONU condenou na terça-feira Israel por supostamente realizar uma campanha de "fome intencional e direcionada" contra os palestinos em Gaza.

Os especialistas em direitos humanos chamaram a campanha de "uma forma de violência genocida". Além disso, destacaram que "as recentes mortes de mais crianças palestinas devido à fome e à desnutrição não deixam dúvidas de que a fome se espalhou por toda a Faixa de Gaza".

Uma fome "irrefutável

"Fayez Ataya, que tinha apenas seis meses de idade, morreu em 30 de maio de 2024 e Abdulqader Al-Serhi, de 13 anos, morreu em 1º de junho de 2024 no Hospital Al-Aqsa em Deir Al-Balah. Ahmad Abu Reida, de nove anos, morreu em 3 de junho de 2024 [...]. Todas as três crianças morreram de desnutrição e falta de acesso a cuidados de saúde adequados", argumentaram os especialistas.

As autoridades, incluindo o relator especial da ONU sobre o direito à alimentação, Michael Fakhri, insistiram que não havia como negar que a fome estava em curso, apesar de a ONU ainda não tê-la declarado oficialmente em Gaza. Segundo eles, a morte de uma criança por desnutrição e desidratação indica que as estruturas sociais e de saúde foram atacadas e estão gravemente enfraquecidas. "Quando a primeira criança morre de desnutrição e desidratação, é irrefutável que a fome se instalou", ressaltaram.

A "cumplicidade" da inação

Em sua declaração, apelaram à comunidade internacional para que "priorize a entrega de ajuda humanitária por terra por qualquer meio necessário, acabe com o cerco israelense e estabeleça um cessar-fogo".

Eles também chamaram a atenção para o fato de que "um bebê de dois meses e Yazan Al Kafarneh, de dez anos, morreram de fome em 24 de fevereiro e 4 de março, respectivamente", destacando que "o mundo inteiro deveria ter intervindo antes para interromper a campanha genocida de fome de Israel e evitar essas mortes". "A inação é cumplicidade", acrescentaram.

Uma equipe de três pesquisadores do Reino Unido, dos EUA e do Canadá estimou que o número real de mortos da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza pode ultrapassar 186.000. Esse número é cinco vezes maior do que o relatado no mês passado pelas autoridades de saúde do enclave palestino, que a ONU aceita como confiável.

A resposta de Israel

A declaração dessa equipe de especialistas foi imediatamente criticada pela missão de Israel na ONU em Genebra, que disse que "o Sr. Fakhri e muitos dos chamados 'especialistas' que se juntaram à sua declaração estão tão acostumados a espalhar desinformação quanto a apoiar a propaganda do Hamas e a proteger a organização terrorista do escrutínio".