O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu homólogo da Bolívia, Luis Arce Catacora, fizeram uma declaração à imprensa nesta terça-feira, após reuniões ao longo do dia para fechar acordos bilaterais entre os dois países.
O que disse Lula?
O mandatário brasileiro enfatizou a necessidade de integração entre os países sul-americanos, afirmando que isso é essencial para a sobrevivência da região. "É preciso dar uma chance para que o Brasil, a Bolívia e outros países da América do Sul deixem de ser tratados como países em desenvolvimento, ou de terceiro mundo", declarou.
Lula elogiou as instituições bolivianas por sua resposta eficaz diante da fracassada tentativa de golpe de Estado no país sul-americano, em 26 de junho. Ele também condenou qualquer forma de autoritarismo e golpismo, afirmando que tais práticas não podem ser toleradas. "As instituições bolivianas mostraram seu valor frente a uma grave ameaça", afirmou, acrescentando que não deve-se "tolerar devaneios autoritários e golpismo". O presidente brasileiro ainda comparou a tentativa de golpe contra o Governo de Luis Arce com os ataques ocorridos em Brasília, em 8 de janeiro de 2022.
O chefe de Estado do Brasil reforçou a mensagem de solidariedade e cooperação entre os países sul-americanos, destacando a importância da unidade para enfrentar desafios comuns e promover o desenvolvimento sustentável na região.
Lula expressou apoio à possível inclusão da Bolívia no grupo BRICS, considerando-a "muito positiva", e afirmou que a ampliação do grupo será discutida na cúpula de Kazan, na Rússia, em outubro.
Em suas redes sociais, o presidente brasileirou também se pronunciou sobre a reunião bilateral entre os dois países.
O que disse Luis Arce?
Por sua parte, o presidente da Bolívia, agradeceu o interesse do Brasil na adesão boliviana ao Mercosul.
Além disso, Arce reconheceu a manifestação de Lula contra tentativas de golpe na Bolívia.
O mandatário boliviano enfatizou o início de uma nova era nas relações internacionais entre Brasil e Bolívia, sinalizando um caminho promissor para a cooperação mútua.
Luis Arce destacou também que a Bolívia "está começando um processo de industrialização" e o país "precisa da experiência do Brasil" no processo industrializador e destacou a importância da integração regional na América Latina.
Assinatura de acordos
Os membros do gabinete dos dois países assinaram dez documentos conjuntos, a saber:
- Acordo de cooperação entre Bolívia e Brasil para combater o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes e crimes relacionados.
- Acordo complementar ao acordo básico para o fortalecimento da gestão migratória.
- Acordo complementar ao acordo básico de cooperação técnica, científica e tecnológica entre Brasil e Bolívia para o projeto de capacitação de pessoal encarregado do combate ao narcotráfico.
- Protocolo de intenções sobre acesso recíproco a serviços de saúde pública.
Memorando de entendimento para a modificação da operação da usina hidrelétrica de Jirau, no Brasil. - Memorando de entendimento sobre integração de eletricidade entre as duas nações.
- Terceiro adendo ao memorando de entendimento sobre integração de eletricidade entre os dois países.
- Acordo de cooperação para a comercialização de fertilizantes e cloreto de sódio.
- Carta de intenções sobre a comercialização e industrialização de minerais metálicos e não metálicos.
- Memorando de entendimento para a exportação de fertilizantes para o Brasil.
Reunião anterior do Mercosul
O presidente brasileiro chegou a solo boliviano na noite da última segunda-feira, após sua participação na 64ª Cúpula do Mercosul, realizada nesta segunda-feira em Assunção, no Paraguai, onde afirmou que era necessário "permanecer vigilante" porque "falsos democratas estão tentando minar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários", em referência à tentativa fracassada de golpe na Bolívia.
Por sua vez, Arce participou da cúpula do Mercosul porque seu país se tornou membro pleno. Na reunião, Arce entregou ao seu colega paraguaio, Santiago Peña, o instrumento de ratificação do Protocolo de Adesão ao mecanismo, que entrará em vigor nos próximos 30 dias.