O comércio bilateral entre a Rússia e a República Popular Democrática da Coreia tem colecionado significativos avanços nas últimas semanas.
No final de junho, a Fábrica de Sabonetes Ryongaksan, sediada em Pyongyang, submeteu formalmente o seu logotipo em uma documentação de patentes na república russa do Tartaristão. Trata-se de uma grande companhia norte-coreana que vende diferentes produtos de higiene, como "sabonetes anti-suor", shampoos e loções de banho.
"Nossas empresas estão procurando parceiros na Coreia do Norte e, dada a logística conveniente, os produtos norte-coreanos podem entrar em nosso mercado", afirmou a economista russa Marina Kukla, da cidade de Vladivostok, à imprensa especializada.
Para um outro especialista da cidade, que não fica muito distante da RPDC, os produtos norte-coreanos competirão com um segmento de mercado que hoje é tradicionalmente dominado pelos chineses. "Se os norte-coreanos puderem oferecer produtos a preços que não sejam mais altos e com qualidade que não seja inferior à dos produtos chineses, eles conseguirão encontrar seu nicho", opina Artyom Lukin.
Exposição de bens norte-coreanos
Também no final de junho, Kukla visitou uma exposição de produtos organizadas por empresas norte-coreanas em Vladivostok, tendo compartilhado os registros em seu canal do Telegram. De acordo com o relato, o evento atraiu a atenção de empresários da Rússia.
Para a economista, que notou a presença de muitas roupas na exposição, seria difícil para companhias norte-coreanas desse setor competirem no mercado russo. Ela argumenta que o estilo entre os dois países tende a ser incompatível, e acrescenta que os russos tem muitas opções de marcas internacionais e domésticas para escolher.
Apesar de Kula ter apontado para a possibilidade de cooperação no âmbito da indústria têxtil e da costura, as sanções impostas contra o Governo norte-coreano, que proíbem a exportação de bens têxteis, poderiam mostrar-se um obstáculo.
Após ter se encontrado com o Kim Jong-un no mês passado, o presidente russo Vladimir Putin questionou a natureza das sanções, qualificadas como "estranhas". O mandatário comparou a situação com o cerco de Leningrado durante a Grande Guerra Patriótica, observando que as medidas afetam principalmente a qualidade de vida de civis.