Orbán fala sobre seu encontro com Putin após reunião em Moscou
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, descreveu o presidente russo Vladimir Putin, com quem se encontrou em Moscou na sexta-feira, como uma pessoa "racional" e de "sangue frio".
"Ele é uma pessoa 100% racional, mais do que 100%. Quando negocia, explica ou propõe algo", disse Orbán em uma entrevista ao jornal suíço Die Weltwoche. "Ele é muito cauteloso, pontual [...] É realmente muito difícil negociar [com Putin] e estar preparado se você quiser manter o mesmo nível intelectual e político", enfatizou.
Durante o encontro, que durou "cerca de três horas", o presidente russo "falou mais do que eu", observou o líder húngaro. Ele também enfatizou que era importante para ele ter "uma conversa direta" com o líder de uma das partes do conflito, já que a última reunião entre Putin e um líder de um país ocidental - segundo suas suas palavras - ocorreu em abril de 2022 com o chanceler austríaco Karl Nehammer.
"Há uma guerra em andamento e nenhum líder ocidental se reuniu com o presidente russo", questionou, acrescentando que pediu a Putin sua opinião sobre propostas para pôr fim às hostilidades.
Mais reuniões "igualmente surpreendentes"
Nesse contexto, Orbán observou a ênfase do mandatário russo em sua concepção de que "negociações reais não podem ocorrer sem a participação de ambos os lados [do conflito]". "É bastante lógico", avaliou o húngaro.
Com relação a um eventual cessar-fogo "curto e limitado" antes das negociações de paz, Putin admitiu que "não está otimista com relação a isso", porque Kiev poderia usar essa trégua "contra ele", destacou o primeiro-ministro.
Por fim, Orbán disse que na próxima semana haverão outras reuniões "tão surpreendentes" quanto a que teve com Putin, mas não deu mais detalhes. "Na próxima semana, terei algumas reuniões que serão igualmente surpreendentes", garantiu.
- A proposta de Moscou exige que Kiev retire completamente suas tropas das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e das províncias de Zaporozhie e Kherson (incorporadas à Rússia após consultas populares em 2022) e reconheça esses territórios, bem como a Crimeia e Sebastopol, como integrantes da Federação Russa.
- Além disso, a neutralidade e o não alinhamento, bem como a desnuclearização, a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia devem ser garantidos.