Líder europeu expressa sua "admiração" pela visita de Orbán à Moscou
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, fez sua primeira aparição pública semanas depois de sobreviver milagrosamente a uma tentativa de assassinato, que ele atribuiu a elementos radicais que se opõem a políticas que priorizam os interesses de Bratislava em detrimento dos interesses das principais potências ocidentais.
Durante um discurso público no Castelo Devin, perto de Bratislava, nesta sexta-feira, Fico elogiou as últimas iniciativas de paz de seu colega húngaro Viktor Orbán. A visita surpresa de Orbán a Moscou para se encontrar com o presidente Vladimir Putin e discutir formas de resolver o conflito na Ucrânia causou grande indignação entre outros líderes da UE. Essa visita ocorreu após uma viagem também não anunciada a Kiev no início da semana.
🇪🇺 Visita de Orbán a Moscou irrita chefe da Comissão Europeia💬 "O apaziguamento não deterá Putin" e "somente a unidade e a determinação abrirão o caminho para uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia", escreveu Ursula von der Leyen. pic.twitter.com/E3aME7DP08
— RT Brasil (@rtnoticias_br) July 5, 2024
"Quero expressar minha admiração ao primeiro-ministro húngaro por viajar a Kiev e Moscou sem hesitar", disse Fico à multidão durante seu discurso de 15 minutos, que foi aplaudido de pé.
"Nunca há conversas e iniciativas de paz suficientes", acrescentou Fico. "Se meu estado de saúde me permitisse ir, eu teria adorado me juntar a ele."
Fico, de 59 anos, ainda está se recuperando de uma tentativa de assassinato que quase o matou em 15 de maio, quando um atirador disparou quatro vezes à queima-roupa. O Tribunal Penal Especial da Eslováquia declarou que o atirador foi motivado em grande parte pela decisão de Bratislava de não enviar armas para Kiev.
Em uma declaração em vídeo no mês passado, o primeiro-ministro condenou os esforços para minimizar o ataque e atribuir a culpa exclusivamente a um atirador solitário perturbado, afirmando que "o direito a uma opinião diferente deixou de existir na União Europeia".
"É exatamente o conflito na Ucrânia que a UE e a OTAN elevaram, literalmente santificando o conceito de uma única opinião correta - a de que a guerra na Ucrânia deve continuar a qualquer custo para enfraquecer a Federação Russa", disse ele. "Qualquer pessoa que não se identifique com essa opinião obrigatória é imediatamente rotulada como agente russo e politicamente marginalizada internacionalmente."
- Fico voltou ao poder para um quarto mandato como primeiro-ministro depois que seu partido, a Social Democracia Eslovaca (SMER-SD), venceu as eleições parlamentares do país em setembro passado.
- Ele acusou os partidos que governaram a Eslováquia de 2020 a 2023 de fazer tudo o que as grandes democracias ocidentais exigiam, inclusive tratar a Rússia e a China como "inimigos mortais" e "saquear" os estoques militares eslovacos para fornecer armas à Ucrânia.
- O governo de Fico suspendeu essa ajuda, provocando a ira das potências da OTAN.