Por que o possível retorno de Trump assombra líderes no Fórum Mundial de Davos?
Apesar de Donald Trump não ter participado do Fórum Econômico Mundial de Davos, o ex-presidente dos EUA foi um dos assuntos mais discutidos pelos presentes.
Tim Adams, presidente do Instituto de Finanças Internacionais, disse à CNBC que "todas as perguntas" que recebeu de demais convidados durante sua participação no evento, na quinta-feira (18/1), foram: "ele [Trump] vai voltar?"
O receio não é para menos. Conforme afirmado por Christine Lagarde, presidente no Banco Central Europeu, a potencial reeleição de Trump representa "uma ameaça" para a agenda promovida por muitos dos presentes em Davos:
"Basta olhar para as tarifas comerciais, o comprometimento com a OTAN, a luta contra as alterações climáticas. Nessas três áreas, os interesses americanos não estiveram alinhados com os da Europa".
Além dessas questões, os convidados manifestaram preocupações referentes ao âmbito das trocas comerciais. "Considerando aquilo que aconteceu enquanto o presidente Trump estava no cargo, seu principal interesse é o comércio. Por isso, podemos esperar que os problemas comerciais serão muito sérios", afirmou Takeshi Ninami, CEO de uma empresa japonesa.
Ninami acrescentou ainda que sua empresa, que atua na área de bebidas, já está destinando mais recursos para os Estados Unidos, na eventualidade de ter que lidar com litígios comerciais.
Aliados do ex-presidente reforçam a tese de que Trump seria ainda mais radical em suas pautas. J.D. Vance, senador republicano do estado de Ohio, por exemplo, afirmou que se o ex-presidente representa algo, é "a rejeição à ideologia da elite global e aos benefícios materiais oriundos dela". Disse ainda que essa elite "deveria ter medo dele".
Steve Bannon, ideólogo engajado com a eleição de Trump em 2016, disse considerar "irônico" que as conferências em Davos ocorram no mesmo dia em que o ex-presidente volta com a plataforma mais "pró-soberania, pró-América, pró-populismo e pró-nacionalismo político", em referência à vitória do republicano nas primárias de Iowa.
Durante seu mandato inciado em 2017, Trump adotou tarifas protecionistas contra uma série parceiros econômicos, objetivando proteger a indústria nacional. Também criticou duramente dispendiosas alianças militares internacionais realizadas por administrações prévias.