Fabricantes de carros que operam no Brasil estão realizando cada vez mais pressão para que mais impostos sejam atribuídos em maior velocidade contra veículos chineses.
As reivindicações ocorrem em um momento de crescente protagonismo da China no mercado automobilístico brasileiro. Em um período de um ano, a participação de marcas chinesas no mercado brasileiro passou de 7% para 26%. E em abril, o Brasil tornou-se o maior comprador de veículos elétricos provenientes do país, superando a Bélgica.
Trata-se de uma ''alta desenfreada'', afirmou Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, à imprensa brasileira. Ele aponta que o gigante asiático responde por 78% de todas as 54 mil unidades importadas no primeiro semestre de 2024.
Leite também argumenta que o crescente protagonismo da China no restante da América Latina trás efeitos negativos para o Brasil. "Corremos o risco de esse impacto provocar o fechamento de fábricas no segundo semestre”, destacou o executivo ao mostrar que em um ano, a fatia brasileira caiu de 8,9% para 5,3% no mercado do México, e de 22,6% para 17,0% no da Colômbia.
Aumento recente
Na segunda-feira, entrou em vigor o aumento no imposto brasileiro sobre a importação de carros elétricos, que subiu de 10% para 18%. No ano que vem, o percentual cresce para 25%, e a partir de 2026, alcançará 35%.
De acordo com Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, trata-se de um reajuste programado, com o objetivo de atrair investimentos e incentivar a produção de veículos eletrificados em território brasileiro. Para justificar os valores, o ministro comparou os números com a taxa de 100% imposta por Washington contra os carros elétricos de Pequim.
Lado chinês
Pequim tem minimizado os impostos aplicados por Brasília contra seus produtos. No final de junho, ao ser indagada sobre as tarifas impostas pelo Brasil contra o aço chinês, a porta-voz Mao Ning destacou sua confiança de que "ambos os lados podem lidar bem com as questões relevantes":
"A China e o Brasil são, respectivamente, os maiores países em desenvolvimento do Hemisfério Oriental e do Hemisfério Ocidental. Ambos os países apoiam firmemente o livre comércio e se opõem ao protecionismo, e estão ativamente comprometidos com o crescimento sólido e constante do comércio bilateral", disse na ocasião. "Tanto a China quanto o Brasil se beneficiam dos laços comerciais", acrescentou.