"Ninguém quer usar o dólar": o motivo da Bolívia para autorizar o uso de criptomoedas
O presidente da Bolívia, Luis Arce, informou na quarta-feira o que motivou o seu Governo a suspender a proibição do uso de criptomoedas em seu país, após permanecer em vigor desde 2020.
"É uma medida importante para resolver isso [...] Qual é o uso de criptomoedas aqui em nosso país? [...] Na realidade, é uma estratégia internacional de não usar mais o dólar, ninguém quer usar o dólar", disse Arce em uma entrevista à AFP, citada pelo La Nación.
O presidente acrescentou que na Bolívia ainda há muita demanda por dólares, e é por isso que essa medida de uso de criptomoeda busca abrir alternativas ao mercado de câmbio. "Aqui estão pedindo dólares, enquanto em outros países estão se livrando dos dólares", explicou.
Essa medida econômica foi autorizada em uma resolução emitida em 25 de junho, que substituiu a publicada em 15 de dezembro de 2020, a qual proibia "as instituições financeiras de usar, comercializar e negociar criptoativos no sistema de pagamentos boliviano", "porque não têm curso legal no país" e para "evitar riscos e fraudes para a população em geral".
O presidente do Banco Central da Bolívia (BCB), Edwin Rojas, disse no final de junho, citado pela ABI, que o sistema financeiro boliviano agora pode "realizar operações vinculadas ao uso de ativos digitais", como o bitcoin, que tem um valor variável, ou criptomoedas estáveis, também conhecidas como "stablecoins".
No entanto, Rojas esclareceu que, embora as transações com esses criptoativos já sejam permitidas, a única moeda de curso legal no país é a moeda boliviana, de modo que ninguém é obrigado a aceitar pagamentos em moedas digitais, a menos que deseje fazê-lo e leve em conta os riscos gerados no mercado virtual.
"Isso contribui para o desenvolvimento"
A decisão, explicou o presidente do BCB, também pretende beneficiar os setores produtivos e comerciais do país.
"Tendo dado sinal verde para que que possam entrar no uso de ativos virtuais, acreditamos que isso favorecerá significativamente grande parte das atividades, não apenas comerciais e produtivas", detalhou Rojas.
Enquanto isso, para o presidente da Federação de Empresários Privados de La Paz (FEPLP), Rolando Kempff, o uso de criptoativos na Bolívia é algo "positivo", já que, além de impulsionar a atividade comercial, ajuda a melhorar o desenvolvimento econômico do país.
"Tudo o que significa sistemas de pagamento contribui para o desenvolvimento econômico do país. E esse sistema de pagamento também contribui para esse fim, onde a economia será agilizada, o comércio se movimentará", comentou o empresário citado pela ABI.