Arce revela as razões pelas quais a Polícia não interveio no golpe de Estado fracassado

Um contingente de agentes estava preparado naquele dia "caso as coisas saíssem do controle", segundo informou o Ministro do Governo.

O presidente boliviano Luis Arce explicou que policiais não intervieram no golpe de Estado fracassado de 26 de junho para evitar confrontos e mortes, como os que ocorreram em fevereiro de 2003.

"O ministro do Governo (Eduardo del Castillo) queria convocar a Polícia para tirar as Forças Armadas da praça Murillo, e eu lhe disse: 'Não, não faça isso, não queremos o que aconteceu em fevereiro de 2003'", declarou em entrevista à Telesur.

O mandatário lembrou que em fevereiro de 2003, na Bolívia, "houve um confronto entre a Polícia e os militares com resultados desastrosos para ambas as forças". "Então eu disse: 'Não quero voltar a 2003, não tirem a polícia'", reiterou.

Em 2003, uma revolta conhecida como "Outubro Negro", contra um projeto de exportação de gás para os EUA via Chile, foi brutalmente reprimida pelos militares, deixando mais de 60 pessoas mortas.

"Um contingente pronto"

Del Castillo declarou em uma coletiva de imprensa que, no dia do golpe fracassado, um contingente de policiais estava pronto para atirar "se as coisas saíssem do controle" quando Arce confrontou o ex-comandante do Exército, general Juan José Zúñiga, nos portões do Palácio Quemado.

"Se naquele momento Zúñiga ousasse prender Arce, esse grupo iria reagir. Além disso, quando fui à praça Murillo, a Polícia me disse que estava tudo pronto para defender a democracia", revelou.

O ministro reafirmou que o presidente lhe ordenou que não houvesse mobilizações, porque "se a polícia se deslocasse para os prédios, algo pior do que em 2003 aconteceria, e que as baixas humanas deveriam ser evitadas a todo custo".

Até o momento, mais de 20 pessoas foram presas, incluindo militares da ativa e aposentados e civis.