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Orbán explica os motivos de sua visita à Ucrânia

Durante as conversas com Zelensky, Orbán sugeriu que o lado ucraniano deveria considerar a possibilidade de cessar os ataques para iniciar conversas com a Rússia.
Orbán explica os motivos de sua visita à UcrâniaGettyimages.ru / Thierry Monasse/

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, chegou a Kiev nesta terça-feira em sua primeira visita à Ucrânia desde o início da operação militar especial russa, informou o porta-voz do Governo da Hungria, Zoltan Kovacs.

Orbán já se reuniu com Zelensky.

Segundo Kovacs, os líderes tinham como previsão discutir sobre a "paz europeia". "As conversas se concentrarão nas possibilidades de alcançar a paz, bem como em questões atuais das relações bilaterais entre a Hungria e a Ucrânia", escreveu.

Em suas redes sociais, o primeiro-ministro explicou os motivos de sua visita. "A presidência húngara quer contribuir para resolver os desafios que a União Europeia enfrenta. Minha primeira viagem foi, portanto, para Kiev", escreveu ele.

A visita de Orbán ocorre um dia após a Hungria assumir a presidência semestral do Conselho da União Europeia.

Proposta de cessar-fogo

Durante as conversas, Orbán também sugeriu que o lado ucraniano deveria considerar a possibilidade de cessar os ataques para dar início às conversas com a Rússia. "Apreciamos muito todas as iniciativas de paz do presidente Zelensky. Eu disse ao presidente que essas iniciativas levarão muito tempo. Devido às regras da diplomacia internacional, elas são muito complicadas. Pedi ao senhor presidente que pensasse se não é possível seguir um caminho ligeiramente diferente, um cessar-fogo e depois continuar as negociações", disse Orbán em uma coletiva de imprensa conjunta com Zelensky após a reunião, de acordo com a tradução ucraniana.

O primeiro-ministro também declarou que a Hungria gostaria de assinar um acordo bilateral com a Ucrânia em uma ampla gama de questões. Em junho, o presidente russo Vladimir Putin listou as condições para a abertura de negociações de paz com a Ucrânia, incluindo a retirada das tropas dos novos territórios russos e o abandono dos planos de adesão à OTAN.

Reação do Kremlin

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Budapeste não havia entrado em contato com Moscou antes da viagem de Orbán e que a Rússia não tinha expectativas quanto à visita. Ele também enfatizou a capacidade de Orbán de defender os interesses de seu país.

"Acredito que serão prevalecidos os deveres no contexto dos interesses de Bruxelas, não no contexto dos interesses nacionais da Hungria. Nesse sentido, é claro, Orbán é bem conhecido como um político que é bastante duro na defesa dos interesses de seu país", disse Peskov.

  • A última vez que o primeiro-ministro conversou com Zelensky foi durante a cúpula da UE. Também tiveram uma breve conversa durante a posse do presidente argentino, Javier Milei. Naquela ocasião, ao primeiro-ministro húngaro lhe foi difícil explicar por que Budapeste mantinha uma postura hostil em relação a Kiev, segundo o líder do regime ucraniano.
  • Em geral, Viktor Orbán expressou sua oposição à estratégia europeia sobre o conflito que é baseada na necessidade de uma vitória de Kiev e acredita que essa abordagem "fracassou". Ele também se manifestou várias vezes contra o aumento da ajuda à Ucrânia.
  • Além disso, rejeitou a eventual adesão da Ucrânia à União Europeia devido à corrupção e às violações dos direitos da minoria húngara pelas autoridades de Kiev, bem como aos riscos que a produção agrícola ucraniana representa para o mercado da UE.