Após a tradicional cerimônia para acender a tocha dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, em 16 de abril, a França deu início a uma onda de despejos de imigrantes e pessoas sem-abrigo na capital, informou a France24 no domingo. De acordo com o veículo, tais indivíduos foram forçados a entrarem em ônibus para serem transferidos para outras regiões do país
As ações dos agentes e funcionários foram aceleradas após a expedição, pelo Ministério do Interior e pelo Ministério da Habitação da França, de um documento estabelecendo "diretrizes para a gestão administrativa e realocação de pessoas alojadas em centros de recepção temporários".
Segundo as instruções, quase todas as regiões francesas devem receber pessoas expulsas da região de Île-de-France, nos arredores da capital, por três semanas. Várias organizações de direitos humanos chamaram a situação de "limpeza social".
As realocações e o número de pessoas na rua estão aumentando
"Essa aceleração no ritmo dos despejos e na oferta de moradias temporárias coincide com a chegada dos Jogos Olímpicos", disse Théo Férignac, ativista da ONG Collectif accès au droit. "E mesmo que as autoridades públicas não admitam isso oficialmente, esses números mostram claramente o desejo de ter o menor número possível de acampamentos para pessoas sem-teto em Paris neste verão", acrescentou.
Vários grupos de ativistas compartilharam os resultados de suas pesquisas realizadas entre abril de 2023 e maio de 2024 em um relatório publicado em 5 de junho, no qual compilaram repetidas indicações de que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos "estão acelerando a dispersão e a realocação de pessoas em situações vulneráveis".
A Prefeitura de Paris estima que "há cada vez mais pessoas nas ruas" e informou que os quase 3.500 sem-teto registrados neste ano na capital francesa representam um aumento de 16% em relação a 2023.