O atual presidente dos EUA, Joe Biden, e seu rival republicano, Donald Trump, realizaram seu primeiro debate na quinta-feira antes das eleições presidenciais de novembro.
O evento de 90 minutos foi realizado pela primeira vez sem público e em um contexto em que as campanhas de ambos os políticos foram marcadas por processos judiciais contra o próprio Trump e o filho de Biden.
Os políticos não apertaram as mãos quando subiram ao palco e lançaram acusações um ao outro sobre a má administração do país durante seus mandatos, bem como sobre as decisões erradas tomadas internacionalmente. Enquanto Trump questionou as habilidades cognitivas de seu rival, Biden não hesitou em insultá-lo.
O que Biden disse?
- Biden afirmou que, sob sua liderança, os EUA "salvaram Israel", referindo-se ao conflito entre Tel Aviv e o Hamas. "Somos o maior gerador de apoio a Israel, mais do que qualquer outra pessoa no mundo", declarou.
- O presidente norte-americano ainda acusou Trump de planejar retirar os EUA da OTAN caso vença a eleição presidencial. "Nunca ouvi tanta bobagem", disse Biden.
- Ele chamou o ex-presidente de "imbecil" e "perdedor".
- Afirmou que a posição adotada durante o Governo Trump em relação aos migrantes não era apropriada, pois "ele separou bebês de suas mães, colocou-os em gaiolas".
- Biden sustentou que seu rival "não fez nada" pelo meio ambiente como inquilino da Casa Branca, lembrando que, na época, os EUA abandonaram o Acordo de Paris.
- Nesse contexto, ressaltou que a mudança climática é a única ameaça existencial à humanidade.
- Culpou Trump por deixar a economia do país em um caos.
- Prometeu garantir o direito ao aborto.
- Acusou seu oponente de ter tido relações sexuais com uma atriz pornô enquanto sua esposa estava grávida.
- Biden se caracterizou erroneamente como o primeiro presidente dos EUA em um século durante cujo mandato soldados norte-americanos não morreram fora do país.
Como Trump rebateu?
- Trump disse que os EUA não são mais respeitados no mundo e que, sob o comando de Biden, o país se tornou uma "nação do terceiro mundo".
- Chamou a retirada dos EUA do Afeganistão de "o dia mais vergonhoso da história" da nação.
- Acusou Biden de permitir que "milhões de pessoas de prisões, cadeias e instituições mentais" entrassem nos EUA para destruí-lo, afirmando que durante seu mandato eles tinham "a fronteira mais segura da história" de seu país.
- Trump também afirmou que, se os EUA tivessem um líder que fosse respeitado pelo presidente russo Vladimir Putin, "nunca, jamais, teriam invadido a Ucrânia". Ele acrescentou que Kiev está perdendo com o conflito, apesar das inúmeras ajudas econômicas.
- O político republicano manifestou que poderia, de alguma forma, resolver o conflito ucraniano antes de assumir o cargo, supondo que ganhe a eleição de novembro.
- Trump chamou seu oponente de "criminoso" e disse que ele deveria ser julgado quando não for mais presidente. Declarou também que nunca tinha visto um mentiroso como Biden.
- Entre outras coisas, argumentou que, se o líder democrata vencer a eleição, "não restará nada da América", chamando seu oponente de "o pior presidente da história".
- Também observou que fez dois testes cognitivos e que eles "foram muito bem", acrescentando que não acredita que Biden "consiga passar nas primeiras cinco perguntas".
- O ex-presidente advertiu que "estamos muito, muito próximos da Terceira Guerra Mundial e ele [Biden] está nos levando para lá".
- Durante seu discurso, ele declarou que os EUA são um país "seriamente fracassado" e culpou por isso as "políticas horríveis" de Biden. "Kim Jong-un, da Coreia do Norte, e o presidente Xi Jinping, da China, não têm respeito por ele, assim como Putin", destacou.
O comportamento estranho de Biden
Imediatamente após os comentários de encerramento dos dois políticos, a primeira-dama dos EUA, Jill Biden, subiu ao palco, dirigiu-se ao marido e o pegou pelo braço.
No entanto, sua participação gerou polêmica até mesmo entre seus apoiadores. Em suas respostas, o atual presidente dos EUA tropeçou várias vezes ao falar e congelou por alguns momentos, olhando para o vazio. Além disso, as pessoas que acompanhavam o debate online notaram que Biden mal piscava os olhos.
Um funcionário da Casa Branca relatou que a voz rouca e a tosse ocasional de Biden durante o evento poderiam se dever a um resfriado recentemente diagnosticado por seu médico, Kevin O'Connor. No entanto, a equipe do presidente não mencionou esse detalhe até que Biden começasse a responder às perguntas em seus discursos.
Quem venceu o debate?
Uma pesquisa da CNN mostrou que 67% dos espectadores do debate acreditam que Trump superou Biden. A pesquisa foi realizada por mensagem de texto e envolveu 565 eleitores registrados.
Os dados mostram um aumento no apoio ao candidato republicano, pois antes do debate apenas 55% esperavam que Trump tivesse um desempenho melhor do que seu oponente eleitoral. Enquanto isso, a tendência inversa foi observada com relação ao apoio ao candidato democrata, com 45% do público apoiando-o antes do face a face, mas apenas 33% após o evento.
Dúvidas entre os democratas
A maioria dos democratas apoiou Biden durante meses defendendo sua candidatura presidencial, mas sua reação mudou após o debate. Depois que a pesquisa da CNN revelou que Trump obteve 67% dos votos dos telespectadores, algumas autoridades democratas começaram a pedir que o presidente retirasse sua candidatura para que o partido pudesse indicar outro candidato.
Segundo informações, os partidários do Partido Democrata já estão discutindo a possibilidade de trocar de candidato, em meio a dúvidas crescentes sobre a capacidade do titular de realizar uma campanha eleitoral competitiva quatro meses antes da eleição.
"A maior vitória da história"
Por sua vez, a campanha presidencial de Donald Trump emitiu um comunicado no qual afirma que o político republicano "apresentou o maior desempenho e a maior vitória da história em um debate diante do maior público de eleitores da história, deixando claro exatamente como ele vai melhorar a vida de todos os norte-americanos".
De acordo com o texto, os planos do ex-presidente fazem "bom senso" e, entre outras coisas, trarão de volta a "política de imigração bem-sucedida, que manteve a fronteira sul segura e livre da onda de crimes de migrantes de Biden que atualmente varre o país".