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Luis Arce com exclusividade para a RT: "Sempre há interesses externos por trás dos golpes de Estado"

Nossa correspondente Camila Lozano viajou para La Paz, onde teve a oportunidade de falar com exclusividade com o presidente da Bolívia, Luis Arce, após o dia tenso que o país viveu na quarta-feira com a tentativa fracassada de golpe de Estado. Além disso, não perca a conversa da Presidente com o ex-presidente equatoriano Rafael Correa na edição especial do programa 'Conversando con Correa', somente na RT.
Luis Arce com exclusividade para a RT: "Sempre há interesses externos por trás dos golpes de Estado"RT

Após a tentativa de golpe de Estado na Bolívia na quarta-feira, o presidente do país, Luis Arce, concedeu à RT uma entrevista exclusiva nesta quinta-feira, na qual analisa profundamente sobre este tema.

Conversando com nossa correspondente Camila Lozano, o mandatário comentou sobre a possível interferência externa se for considerada a versão de que alguns atores estrangeiros estão envolvidos na tentativa de golpe.

De acordo com Arce, em todos os golpes de Estado na América Latina, além dos "interesses internos", sempre houve "interesses externos". No caso específico da Bolívia, esse fenômeno tem sido "praticamente uma constante", assegurou.

Todos os golpes de Estado no país tiveram como premissa o tema econômico. O mais recente deles, em 2019, foi a questão do lítio, disse ele.

"Naquela época, estávamos negociando a concessão de um contrato de lítio de longo prazo. É por isso que nunca descartamos o fato de que sempre há interesses internos e externos por trás dos golpes de Estado", declarou o presidente.

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Tentativa de golpe

Inúmeros militares bolivianos saíram às ruas da praça Murillo, em La Paz, em 26 de junho, nas proximidades das sedes do Poder Executivo e Legislativo do país. O presidente boliviano, Luis Arce, denunciou "mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército boliviano" que, mais tarde, entrariam à força no palácio presidencial. Arce afirmou que se tratava de uma tentativa de golpe de Estado, e pediu um chamado para a defesa da democracia.

Por trás das ações estava o general recentemente destituído, Juan José Zúñiga, que afirmou que entre os militares havia "incômodo" com o clima político na Bolívia e ameaçou com a chegada de um "novo gabinete". Zúñiga e Arce se encontraram no palácio do Governo.

Em seguida, Arce instalou um novo alto comando militar. As tropas que haviam chegado à praça Murillo se retiraram assim que os novos comandantes ordenaram. Enquanto isso, Zúñiga foi detido horas depois, acusado de liderar a tentativa de golpe contra a Administração do presidente. Pelo menos 16 militares e civis também foram presos.

Em meio aos acontecimentos, o povo boliviano saiu às ruas em apoio ao presidente. Os manifestantes se reuniram na praça Murillo em repúdio ao levante militar e exigiram a prisão e o peso total da lei contra Zúñiga e os outros envolvidos. Com cânticos, eles expressaram seu apoio a Arce, também conhecido como 'Lucho'. "Lucho não está sozinho!". Lucho não está sozinho!", gritaram.

Muitos bolivianos permaneceram até a noite ao redor do palácio presidencial em uma demonstração de apoio a Arce e seu gabinete. De acordo com o ministro do Governo, Eduardo Del Castillo, pelo menos 12 pessoas ficaram feridas durante o dia.