Enorme "desequilíbrio energético" é detectado em Saturno

Um fenômeno atmosférico incomum foi revelado graças aos dados coletados pela sonda espacial Cassini, da NASA.

Cientistas da Universidade de Houston descobriram um "enorme desequilíbrio de energia" em Saturno que obriga a repensar o que considerava-se saber anteriormente sobre os padrões climáticos dos gigantes gasosos do sistema solar e a evolução planetária em geral, relata um estudo publicado recentemente na revista Nature.

Após estudar os dados coletados pela sonda espacial Cassini, da NASA, que orbitou o planeta entre 2004 e 2017, os pesquisadores concluíram que Saturno lança quantidades diferentes de calor no espaço, dependendo da época do ano.

Quando, em uma determinada estação, o planeta absorve mais energia do Sol do que irradia para o espaço, ocorre um desequilíbrio sazonal de energia. Flutuações semelhantes são observadas na Terra, mas a diferença é geralmente insignificante. Em Saturno, por outro lado, as flutuações sazonais são de cerca de 16%.

Essas grandes variações se devem à órbita elíptica do planeta, que faz com que a distância entre Saturno e o Sol flutue em 20% ao longo de um ano planetário, que dura quase 30 anos terrestres. Como resultado, o gigante gasoso recebe muito mais energia do Sol quando está mais próximo dele.

"Todos os planetas recebem energia do Sol na forma de radiação solar e perdem energia emitindo radiação térmica", explica Xinyue Wang, estudante de doutorado da Universidade de Houston e um dos autores do estudo. "Mas Saturno, como outros gigantes gasosos, tem outra entrada de energia na forma de calor interno profundo que afeta sua estrutura térmica e seu clima", disse. Essa é a primeira vez que um desequilíbrio energético global e em escala sazonal é observado em um gigante gasoso.

Os dados também sugerem que o desequilíbrio de energia de Saturno desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de tempestades gigantes, que são o fenômeno climático dominante no sistema atmosférico de Saturno. No entanto, os cientistas admitem que ainda não compreendem totalmente o papel que o equilíbrio energético desempenha no desenvolvimento desses processos e querem descobrir se existe uma conexão entre esses processos.