Manifestantes invadiram o Parlamento do Quênia nesta terça-feira, após a aprovação de um pacote de medidas econômicas destinadas a aumentar os impostos. Até o momento, foi informado sobre 8 mortos e 50 feridos durante a invasão.
Protestos em massa ocorreram em várias partes do país desde a semana passada. A maior concentração foi na capital, Nairóbi, em frente ao prédio do Parlamento. Durante todo o dia, os manifestantes entraram em conflito com as forças de segurança, que tentaram removê-los com gás lacrimogêneo e canhões de água. A AP informou que as autoridades usaram munição real.
Apesar das tentativas da Polícia, os manifestantes conseguiram invadir o prédio legislativo, que está em chamas. Nos arredores, os presentes queimaram várias viaturas policias.
Segundo as mídias locais, essa é a primeira vez na história do país que os manifestantes romperam barreiras e conseguiram acesso ao interior do Parlamento, apesar das fortes medidas de segurança.
Entre os manifestantes atacados pela Polícia estava a ativista queniana-britânica Auma Obama, meia-irmã do ex-presidente dos EUA Barack Obama.
"Não consigo nem ver mais, eles estão nos jogando gás lacrimogêneo", disse Obama ao falar ao vivo com o correspondente da CNN que cobria os protestos contra o controverso projeto de lei financeira aprovado no país.
Situação econômica complicada
Os parlamentares aprovaram o projeto de lei financeiro por 195 votos a favor e 106 em contra, abrindo caminho para que o presidente do país, William Ruto, o aprovasse e o transformasse em lei.
Neste contexto, a população tem lutado para combater a crise econômica causada pelo impacto persistente da pandemia de covid-19, pelo conflito na Ucrânia, por dois anos consecutivos de secas e pela desvalorização da moeda.
A emenda pretende arrecadar 2.700 milhões de dólares adicionais em impostos como parte de um esforço para aliviar o pesado cargo da dívida, uma vez que os pagamentos de juros consomem 37% do rendimento anual.
Principal aliado fora da OTAN
Enquanto isso, a Casa Branca havia declarado na segunda-feira que o Quênia é o principal aliado dos Estados Unidos fora da OTAN.
O comunicado afirma que o presidente Joe Biden, usando a autoridade concedida a ele pela Constituição e pelas leis dos EUA, designou o Quênia como um aliado principal do país norte-americano fora da OTAN.
A medida ocorre enquanto cada vez mais países africanos redefinem seus laços com o Ocidente. Segundo informado pela AP nesta segunda-feira, o Pentágono está procurando novos países na África para receber contingentes militares e expandir a cooperação após a retirada "forçada" de suas tropas do Níger e do Chade.