Vacina contra o HIV que custa 42.000 dólares por ano está sendo testada na África
Uma vacina experimental destinada a prevenir infecções por HIV forneceu resultados significativos em testes realizados na África do Sul e em Uganda, informou a empresa biofarmacêutica norte-americana Gilead Sciences, em um recente comunicado.
"O inibidor lenacapavir demonstrou 100% de eficácia para uso experimental na prevenção do HIV em mulheres cisgênero", disse a empresa, observando que o estudo, chamado Propósito 1, envolveu mais de 5.300 pessoas com idades entre 16 e 25 anos.
Algumas dessas mulheres receberam uma vacina de lenacapavir duas vezes por ano, enquanto outras tomaram dois medicamentos amplamente utilizados em países de alta renda, ambos na forma de comprimidos diários. Segundo a empresa, o efeito das injeções superou todas as expectativas.
"Com zero infecções e 100% de eficácia, o lenacapavir duas vezes ao ano demonstrou seu potencial como uma nova e importante ferramenta para ajudar a prevenir infecções por HIV", explicou Merdad Parsey, diretor médico da Gilead Sciences.
E qual é o preço?
A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, por suas siglas em inglês) aprovou o uso de lenacapavir que foi vendido sob o nome comercial Sunlenca em 2022. Entretanto, o alto preço do medicamento pode ser um obstáculo ao seu uso generalizado.
Segundo informado pela própria empresa, o preço esperado do medicamento seria de 42.250 dólares no primeiro ano e 39.000 dólares por ano posteriormente. Alguns especialistas apontaram que esse fator tornará o medicamento inacessível para a África.
Matthew Kavanagh, vice-diretor executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, declarou que, para que os medicamentos de PrEP (profilaxis pré-exposição) sejam acessíveis em países pobres, o custo não deve exceder 100 dólares por ano. "Se for muito mais do que isso, estamos perdidos", alertou.
Segundo as estatísticas globais, atualmente cerca de 39 milhões de pessoas são infetadas pelo HIV em todo o mundo, das quais 1,5 milhão são crianças. A África é afetada de forma desproporcional, com 25,6 milhões de casos.