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Petroleira britânica busca expandir operações no Brasil diante do "potencial" da Margem Equatorial

Apesar de reconhecer o papel da regulação ambiental, a empresa pediu mais rapidez na perfuração dos poços, alegando que "a janela de oportunidade pode fechar".
Petroleira britânica busca expandir operações no Brasil diante do "potencial" da Margem EquatorialAP / Kirsty Wigglesworth

A Shell, gigante britânica no setor petroleiro, anunciou que busca ampliar a sua atuação no Brasil. O anúncio ocorre em meio aos debates sobre a exploração da Margem Equatorial - uma área com mais de 2,2 mil km de litoral que é apontada por especialistas como um possível "novo pré-sal".

"A Shell acredita no potencial geológico da Margem Equatorial", declarou Cristiano da Costa, presidente da empresa no Brasil, em entrevista ao portal Poder360 no sábado. Ele destacou os expressivos dados de capitalização na indústria exploratória registrados na Guiana e no Suriname - países que decidiram avançaram em novas reservas.

Apesar de reconhecer que o Brasil tradicionalmente "tem uma barra muito alta na questão ambiental", Cristiano cobrou mais rapidez das instituições para que os poços exploratórios sejam perfurados, buscando "testar se aquilo que você acredita está lá".

''Isso precisa ser feito com celeridade, porque a janela de oportunidade pode fechar. Os grandes atores internacionais estão olhando para os outros países: Guiana, Suriname, Namíbia, que são bacias exploratórias novas que estão atraindo bastante a atenção do investidor internacional", argumentou. 

A Shell, segundo informações da imprensa brasileira, possui hoje ao menos oito blocos na Margem Equatorial Brasileira. Seis deles na bacia de Barreirinhas, no Maranhão, e dois em Potiguar, no Rio Grande do Norte. 

O que é a Margem Equatorial Brasileira?

A Margem Equatorial é uma extensa região que abrange seis estados brasileiros. De acordo com a Petrobras, ela representa um importante potencial petrolífero, "capaz de viabilizar a produção de petróleo de menor custo e menor emissão de carbono".

As cinco bacias em alto-mar da região ainda são pouco exploradas, mas despertam grande interesse em razão de suas características geológicas similares às da Guiana e do Suriname - onde recentemente foram descobertas reservas de petróleo em abundância.

Sua localização, ao Norte e Nordeste do país, poderia ainda viabilizar uma exploração capaz de beneficiar "os excluídos da energia", de acordo com o Ministério de Minas e Energia. 

A exploração é alvo de críticas de grupos ambientalistas, preocupados com potenciais impactos na biodiversidade regional. Em 2023, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) negou o pedido da Petrobras para perfurar um primeiro poço exploratório na costa do Amapá, na Bacia da Foz do Amazonas. O Ministério do Meio Ambiente também trata do assunto com cautela, argumentando que ele "poderia ser contraditório com a redução da meta brasileira (de emissões de carbono).