O Conselho Superior de Comunicação de Burkina Faso suspendeu as atividades do TV5Monde por seis meses a aplicou uma multa equivalente a R$446mil contra o canal francês, acusado de espalhar desinformação sobre o país africano.
De acordo com a entidade, o TV5Monde realizou "insinuações maliciosas, afirmações tendenciosas beirando a desinformação e declarações que provavelmente minimizam os esforços" do Governo militar do país em uma reportagem na segunda-feira.
Na ocasião, a emissora recebeu o jornalista e ex-presidente da Comissão Nacional Eleitoral Independente Newton Ahmed Barry - um popular crítico do regime militar.
Desgaste nas relações
Anteriormente, as atividades do canal francês em Burkina Faso haviam sido suspensas por duas semanas em 27 de abril, após a transmissão de um relatório da ONG Human Rights Watch que acusa o exército de Uagadugu de matar civis.
Já os jornais franceses Le Monde e Ouest-France, o jornal britânico The Guardian e a emissora alemã Deutsche Welle (DW) tiveram seus sites bloqueados indefinidamente.
As relações entre a França e Burkina Faso se enfraqueceram drasticamente desde que o exército do Estado africano tomou o poder em outubro de 2022.
Em março do ano passado, Ouagadougou revogou um acordo de 1961 sobre assistência militar com Paris, que estava em vigor desde que a nação adquiriu sua independência. Desde então, foi determinada a retirada das tropas francesas.
As autoridades militares expulsaram jornalistas dos jornais franceses Le Monde e Liberation em abril de 2023, após a suspensão indefinida das transmissões da France 24 e da Radio France Internationale.
O Governo também acusa os veículos de comunicação franceses de publicar reportagens falsas e de fornecer espaço para grupos armados legitimarem ações terroristas em um país que tem enfrentado insurgências jihadistas há quase uma década.