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Da luta contra a mudança climática ao "choque" de Milei: os pontos de vista da América do Sul em Davos

Espera-se que o presidente argentino apresente sua agenda neoliberal, enquanto a Colômbia e o Brasil insistirão, entre outras coisas, na luta contra as mudanças climáticas.
Da luta contra a mudança climática ao "choque" de Milei: os pontos de vista da América do Sul em DavosAP / Markus Schreiber

Vários países sul-americanos chegam ao Fórum Econômico Mundial deste ano em Davos (Suíça) divididos entre o progressismo e o ambientalismo do Brasil e da Colômbia e o liberalismo mais extremo representado pela Argentina de Javier Milei, cujo discurso é um dos destaques dessa reunião da elite mundial.

Em sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo há pouco mais de um mês, Milei falará como parte do bloco "Alcançando a segurança e a cooperação em um mundo fraturado", onde se espera que ele descreva suas reformas econômicas radicais e seu ambicioso plano de ajuste, que estão causando tanto descontentamento social em seu país, severamente atingido pela inflação e pela pobreza.

O mandatário disse à imprensa local que seu objetivo é "plantar as ideias de liberdade em um fórum que está contaminado pela agenda socialista 2030, que é a única coisa que trará miséria ao mundo".

Após seu discurso, ele se reunirá com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, após o acordo firmado na semana passada para um desembolso de 4,7 bilhões de dólares.

Outro participante notável é o presidente colombiano Gustavo Petro. No ano passado, ele surpreendeu o público ao pedir que os países adotassem o "capitalismo descarbonizado" para superar a crise climática.

De acordo com um comunicado do governo, a viagem deste ano se concentrará na busca de apoio internacional para a transição de economias ilícitas nos territórios excluídos da Colômbia para oportunidades econômicas legais.

Petro participará das sessões do fórum e da abertura da Casa Colômbia, um espaço para a promoção do país sul-americano que tem sido alvo de críticas.

Lula não comparece

Como fez no ano passado, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu. No entanto, ele é representado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Espera-se que tanto Marina Silva quanto Trindade enfatizem a necessidade de encontrar uma maneira de o setor privado e os Governos trabalharem juntos na luta pelo meio ambiente.

"Estamos enfrentando sérios problemas nos países em desenvolvimento, onde o problema da mudança climática afeta os pobres e os vulneráveis muito mais do que nos países desenvolvidos", comentou Marina Silva à imprensa.

Enquanto isso, o Peru, ainda imerso em uma crise política após a destituição do esquerdista Pedro Castillo, está enviando seu ministro das Relações Exteriores, Javier Gonález-Olaechea, que realizará reuniões com autoridades de alto nível e líderes globais.

O Ministério das Relações Exteriores garantiu que o objetivo é posicionar o país "como um destino atraente para investimentos" e "um parceiro confiável". Também enfatizou que a participação de Gonález-Olaechea é "uma oportunidade de posicionar a liderança do Peru" como anfitrião do Fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em 2024.

Com relação ao Equador, o presidente Daniel Noboa cancelou a viagem devido à onda de violência interna no país. A ministra de Relações Exteriores e Mobilidade Humana, Gabriela Sommerfeld, e o ministro da Produção, Comércio Exterior, Investimento e Pesca, Sonsoles García, serão responsáveis por promover alianças com parceiros estratégicos.

"O objetivo é implementar soluções inovadoras em áreas-chave como: inteligência artificial aplicada, cooperação para segurança, bem como maximizar sinergias para a criação de empregos para toda a população, com ênfase na juventude como um canal para o desenvolvimento econômico, com foco em novas tecnologias", indicou a chancelaria do Equador.