Funcionários do alto escalão da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) viajaram secretamente para o Chile logo após o golpe militar no país para se encontrar com o ditador Augusto Pinochet e prometer apoio ao seu regime. Isso foi confirmado por uma série de documentos do Governo dos EUA que datam de 50 anos atrás, desclassificados e divulgados na terça-feira pelo Arquivo de Segurança Nacional da Universidade George Washington.
De acordo com os documentos, em meados de fevereiro de 1974, o vice-diretor da CIA, Vernon Walters, visitou secretamente Santiago, a capital chilena, para se reunir "cara a cara" com Pinochet. Um telegrama de Walters afirma que ele transmitiu ao ditador chileno as saudações do então presidente e secretário de Estado dos EUA, Richard Nixon e Henry Kissinger, respectivamente, além de oferecer "amizade e apoio... e o desejo de ser útil de maneira discreta".
Pinochet aceitou a oferta dos EUA e pediu o apoio para o "período de formação" da Direção Nacional de Inteligência (DINA), que era a polícia secreta da ditadura, e em particular para o seu "homem-chave", o coronel Manuel Contreras, que a chefiaria.
Três semanas depois, segundo os registros, Contreras visitou a sede da CIA no estado da Virgínia, onde foi informado sobre as abordagens organizacionais e gerenciais para a criação de um serviço de inteligência. Pouco tempo depois, em meados de 1975, a agência norte-americana o incluiu brevemente em sua folha de pagamento como um "ativo pago".
Os documentos desclassificados também contêm informações sobre algumas das operações da DINA, incluindo detenções secretas e métodos de tortura e interrogatório, que os relatórios da CIA descreveram como "saídos diretamente da Inquisição Espanhola".
Também confirmam que muitos dos prisioneiros dos centros secretos de tortura do regime de Pinochet foram executados e seus corpos desapareceram, a maioria deles atirados ao mar por helicópteros de propriedade da DINA.