Lavrov faz um balanço da reunião de chanceleres do BRICS

Anteriormente, o chefe da diplomacia russa enfatizou que o grupo está realizando um "trabalho ativo" em questões que "influenciarão diretamente a futura ordem mundial e a formação de suas bases justas".

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, deu uma entrevista coletiva na sexta-feira resumindo os resultados da primeira reunião de ministros das Relações Exteriores dos países membros do BRICS e do BRICS+ desde a ampliação do grupo, que foi realizada na cidade russa de Nizhny Novgorod.

"Multipolaridade é um processo histórico que não pode ser interrompido"

Questionado sobre a transição de um mundo unipolar para um multipolar, Lavrov afirmou que a multipolaridade é "um processo histórico que não pode ser interrompido", apesar das tentativas do Ocidente de interrompê-lo para "prolongar sua hegemonia, que é proclamada como o principal objetivo dos EUA e de seus aliados". "Eles não hesitam em afirmar que não se pode permitir que a ordem mundial na qual os norte-americanos, a OTAN e a União Europeia desempenham o papel principal mude", manifestou. 

Segundo o chanceler russo, os participantes da reunião expressaram sua atitude negativa em relação às ações do Ocidente, "enfatizando o caráter destrutivo da política egoísta de protecionismo comercial adotada pelos EUA e seus aliados".

"É inaceitável sacrificar centenas de pessoas inocentes"

Lavrov foi solicitado a comentar sobre o ataque israelense ao campo de refugiados palestinos de Nuseirat, na região central da Faixa de Gaza, no qual quatro reféns israelenses foram resgatados ao custo da vida de mais de 250 civis palestinos.

Enfatizando que a Rússia e os BRICS condenam os métodos adotados por Israel em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro do ano passado, o ministro das Relações Exteriores disse que era "inaceitável" que, para "salvar pessoas inocentes, fosse necessário sacrificar centenas e centenas de outras pessoas que são inocentes".

"O Ocidente favorece a manutenção do caráter nazista e russofóbico da Ucrânia"

Falando sobre as combates na Ucrânia, Lavrov disse que, durante a reunião, os países do BRICS mencionaram a Ucrânia apenas no contexto da inaceitabilidade de iniciativas unilaterais para resolver o conflito. Nesse sentido, chamou a cúpula de paz, que será realizada na Suíça, de "inútil" e "baseada apenas na fórmula de paz do líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky".

Também observou que vários países, incluindo a China e o Brasil, já disseram que é importante buscar uma nova base para promover a resolução de conflitos que seja aceitável para a Rússia e a Ucrânia, bem como "para as partes envolvidas em geral". "Está claro que o regime de Zelensky não fará nada sem a permissão dos Estados Unidos, simplesmente não tem o direito de fazer isso", enfatizou.

Além disso, o ministro revelou que ninguém no Ocidente quer notar o "caráter nazista e russofóbico" que continua sendo criado na Ucrânia. "O Ocidente não só não quer notar isso, mas favorece diretamente a manutenção desse caráter do Estado ucraniano para continuar usando o regime de Kiev na guerra contra a Rússia. De fato, o objetivo é o mesmo de Hitler e de Napoleão antes dele: unir toda a Europa e derrotar o povo e o Estado russo", manifestou. 

"Os EUA têm a certeza de que se provocarem uma guerra nuclear só a Europa sofrerá"

Neste contexto, Lavrov também comentou as recentes declarações do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, de que "os EUA não procuram uma Terceira Guerra Mundial, já que isso teria consequências terríveis para o continente europeu".

"Aqui está a resposta à questão de como os EUA tratam a Europa. Eles têm a certeza de que se provocarem a Terceira Guerra Mundial, o que estão fazendo ativamente, só a Europa sofrerá e eles, como sempre - como na Primeira e na Segunda Guerra Mundial - serão beneficiados. Esta é a filosofia, esta é a mentalidade daqueles que atualmente determinam a política dos EUA e, portanto, daqueles que dirigem a Ucrânia", afirmou.

"Vento da mudança"

Durante o primeiro dia do evento, o chefe da diplomacia russa observou que o grupo, que defende os princípios de "cooperação igualitária, respeito mútuo, atitude aberta, pragmatismo, solidariedade e consenso", é "impulsionado pelo vento da mudança e seu papel na solução de problemas globais só aumentará".

Lavrov também enfatizou que os membros do BRICS estão realizando um "trabalho ativo" para implementar as decisões tomadas na cúpula realizada em Johanesburgo em 2023.

Em particular, o bloco está se esforçando para "melhorar o sistema monetário e financeiro internacional e desenvolver uma plataforma para transações em moedas nacionais no comércio mútuo". Aborda as questões que influenciarão diretamente a futura ordem mundial e a formação de suas bases justas", enfatizou.