Bloomberg: Reunião de Davos sobre fórmula de paz na Ucrânia termina sem perspectivas

O chanceler suíço ressaltou que a reunião provavelmente será a última no formato atual, portanto, as próximas etapas não estão definidas.

Uma reunião de conselheiros de segurança nacional focada no projeto de paz proposto pela Ucrânia na cidade suíça de Davos, no domingo, terminou sem um roteiro claro, informa a Bloomberg.

Cerca de 83 delegações participaram das negociações, incluindo 18 da Ásia e 12 da África, embora nem a Rússia nem a China estivessem presentes.

O Ministro das Relações Exteriores da Suíça, Ignazio Cassis, que co-presidiu a reunião, disse que a reunião esclareceu pontos que serão discutidos em algum momento, embora nem a Ucrânia nem a Rússia - que não foi convidada - estejam dispostas a fazer concessões territoriais. Cassis também observou que a reunião de domingo provavelmente será a última no formato atual, portanto, os próximos passos não estão claros.

De acordo com a agência, alguns países acreditam que a reunião em nível de líderes que a Ucrânia espera seria prematura, enquanto outros querem envolver imediatamente a Rússia no processo. Os EUA querem que a Ucrânia refine seu plano de combate, uma questão que deve ser levantada com o presidente ucraniano Vladimir Zelensky em Davos, escreve a Bloomberg.

Por sua vez, o ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, enfatizou que o retorno às fronteiras de 1991 continua sendo o objetivo estratégico do país. Esse cenário incluiria a incorporação da península da Crimeia à Ucrânia, algo que Moscou jamais aceitaria.

Ao mesmo tempo, Cassis enfatizou que as futuras negociações de paz para resolver o conflito devem envolver a Rússia e a China. "De uma forma ou de outra, a Rússia terá que ser incluída. Não haverá paz sem a palavra da Rússia", enfatizou. O ministro suíço insistiu na urgência de encerrar o conflito o mais rápido possível, pois vidas estão sendo perdidas todos os dias. "Não temos o direito de esperar", disse ele.

Enquanto isso, o chefe do gabinete presidencial, Andrei Yermak, disse que Zelenski "nunca" apostará em um congelamento do conflito com a Rússia. "Este presidente e sua equipe nunca concordarão ou aceitarão qualquer tipo de congelamento do conflito. Isso é inaceitável para a sociedade ucraniana", enfatizou.

Na segunda-feira, o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, lembrou que Kiev "formalizou" para si mesma a proibição que a impede de realizar qualquer negociação com Moscou, uma situação que ele descreveu como "absurda". Ele reiterou que, embora a Rússia defenda uma solução pacífica para o conflito, em meio à relutância do Ocidente e da Ucrânia, Moscou está cumprindo seus objetivos por meio da operação militar especial.