Líder africano exalta o apoio da Rússia na luta pela independência
Em uma entrevista concedida à RT no sábado, no contexto do Fórum Econômico de São Petersburgo, Emmerson Mnangagwa, presidente do Zimbábue, declarou que busca aprofundar os seus laços com a Rússia, que já são qualificados como "excelentes".
"As relações entre Harare e Moscou são históricas porque eles nos ajudaram a conquistar a independência do nosso país. O Zimbábue era uma colônia britânica, e não conseguimos nossa independência dos britânicos através de uma conversa telefônica - tivemos que lutar por ela, lutar pela dignidade de nosso povo. Nunca esqueceremos disso", declarou Mnangagwa.
Nos anos em que o povo do Zimbábue lutava pela sua independência e contra o regime segregacionista imposto pelos britânicos, a Rússia (que na época integrava a União Soviética) desempenhou um papel importante ao oferecer financiamento e treinamento aos grupos de libertação.
''Relações mais abrangentes''
Mnangagwa observou que apesar da situação geopolítica desafiadora, com os dois países enfrentando sanções ocidentais, a cooperação mútua entre Moscou e Harare tem sido estável, e que ambas as partes planejam tornar suas relações "mais abrangentes do que antes".
Enquanto a Rússia tem operado sob sanções relacionadas à Ucrânia nos últimos dois anos, o Zimbábue tem vivido sob sanções ocidentais desde 2003. Ao comentar sobre as restrições, o presidente do Zimbábue disse que elas são "ilegais", argumentando que os EUA não têm o direito de ser "o policial do mundo".
Mnangagwa também elogiou o apoio contínuo da Rússia para aliviar os desafios relacionados à segurança alimentar de seu país, observando que, na África, essa é uma questão de extrema importância.
"Em nossa região, o objetivo de qualquer Governo é alcançar a segurança alimentar. Precisamos de fertilizantes, e temos excelentes relações com a Rússia em termos de aquisição de fertilizantes e promoção não apenas da segurança alimentar, mas também de um excedente na produção [de alimentos]", afirmou ele, em referência às 25.000 toneladas de trigo e 23.000 toneladas de fertilizantes que Moscou doou ao Zimbábue no início deste ano.
Ao comentar sobre a recente autorização, por parte de países Ocidentais, de que suas armas sejam utilizadas contra o território russo, o mandatário enfatizou a importância do diálogo.
"Veja, eles tomam as suas próprias decisões, mas nós, no Zimbábue, fazemos um apelo pelo diálogo. Se há um conflito ou qualquer área em desacordo, deixe os líderes levantarem-se e caminharem para um diálogo, para resolver os problemas na base do diálogo".
Conflito no Oriente Médio
Ao ser perguntado sobre o atual conflito na Faixa de Gaza e as perspectivas pela criação e reconhecimento de um Estado palestino, o mandatário traçou um paralelo com a luta pela libertação do Zimbábue.
"Eu fiquei dez anos na prisão como resultado da luta pela independência do meu país. Eu apoio aqueles que estão lutando pela independência e dignidade de seus povos, independentemente de onde estejam no mundo", declarou, acrescentando ser contrário a todos aqueles que "se opõem" e "oprimem" tais esforços.
Moeda lastreada em ouro
Mnangagwa também comentou sobre o Ouro do Zimbabué (ZiG) - uma moeda lançada por Harare em abril, que é ancorada sobretudo no ouro e em reservas estrangeiras fortes. "Hoje, temos reservas de ouro o suficiente para lastrear a nossa moeda", disse.
Quando questionado se os planos de Harare de aumentar o uso de dólares e libras esterlinas no comércio internacional poderiam prejudicar a introdução da nova moeda, o presidente declarou que o processo será feito de forma gradual.
"São moedas que estávamos utilizando, e não podemos descartá-las de um dia para o outro. É um processo que decidimos seguir. O que eu posso ver, nossa direção, é que agora temos uma moeda consistente, com reservas fortes".