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"A Ucrânia mentiu para nós": mercenário colombiano que se juntou a Kiev pelo TikTok se rende à Rússia

"Eles [as Forças Armadas ucranianas] nos deixaram sozinhos, nunca nos apoiaram", lamentou.
"A Ucrânia mentiu para nós": mercenário colombiano que se juntou a Kiev pelo TikTok se rende à RússiaMinistério da Defesa da Rússia

O cidadão colombiano Angel Cardenas Montilla, que lutou nas fileiras das Forças Armadas ucranianas e recentemente se rendeu em Donbass, não aconselha seus compatriotas a irem lutar ao lado de Kiev, diz ele em um vídeo divulgado na quinta-feira pelo Ministério da Defesa russo.

"A Ucrânia mentiu para nós", denunciou Cardenas, acrescentando que inicialmente lhes foi assegurado que sua tarefa seria vigiar um prédio, mas acabou sendo enviado para a linha de frente. Perguntado se ele sabia que estava sendo usado por Kiev como "bucha de canhão", o prisioneiro disse que "sim, 100%". Ele também disse que os outros nove colombianos que estavam em seu grupo foram mortos.

Angel disse que foi para a Ucrânia depois de ver um anúncio na rede social TikTok, mas não recebeu nem mesmo "o primeiro salário". Ele revelou que na Colômbia trabalhava como policial, mas não tinha experiência em combate militar.

Apesar disso, o treinamento militar anterior à sua participação nos combates durou menos de uma semana e eles só aprenderam a "atirar no polígono, lançar granadas e fazer algo básico como montar um posto avançado", disse ele.

Cardenas também observou que os estrangeiros não tiveram "muito contato" com os soldados ucranianos, que os fizeram esperar em "um porão" e não os "deixaram sair". "Eles falavam grosso, mas eu não entendia nada", acrescentou.

Assim, o colombiano, que tem quatro filhos, disse que desistiu por conta própria porque sua família está "esperando por ele" e ele não queria morrer. "Prefiro estar com minha família do que com tudo em minha vida", disse ele.

Nesse contexto, ele pediu aos colombianos que querem ir lutar do lado ucraniano que "não venham". Segundo ele, "por querer gerar uma renda de repente", eles podem morrer. "Eles [as Forças Armadas da Ucrânia] nos deixaram sozinhos, nunca nos apoiaram", lamentou.

Por outro lado, o mercenário ressaltou que, quando se rendeu, os militares russos "o trataram muito bem", "trouxeram-lhe um casaco" e "deram-lhe comida e água".

De acordo com Cárdenas, nesse conflito, as partes devem "tentar dialogar" e tentar "acertar as coisas" para que "mais pessoas não morram".

Embaixador colombiano: "É uma armadilha mortal!"

O embaixador da Colômbia em Londres, Roy Barreras Montealegre, se manifestou em suas redes sociais sobre os colombianos mortos em condições de mercenários lutando pelo regime de Kiev na Ucrânia.

O diplomata agradeceu à embaixada da Polônia por facilitar a comunicação para a repatriação de 51 corpos dos falecidos colombianos:

"Há 51 colombianos mortos que foram como mercenários para a Ucrânia! Estou processando a repatriação do corpo da última pessoa morta em combate há 3 dias. Agradeço à embaixada da Polônia, que é uma ponte de comunicação e trâmites dolorosos", revelou o embaixador.

Montealegre ainda faz um apelo para aqueles que consideram aceitar dinheiro para lutar em condições de mercenários ao lado do regime de Kiev:

"NÃO VÁ MATAR E SE MATAR na guerra de outra pessoa só por dinheiro. Péssima ideia! É uma armadilha mortal. Literalmente bucha de canhão!"

Em fevereiro passado, o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia se desvinculou dos casos de participação de cidadãos colombianos na zona de conflito ucraniana, assegurando que "a presença deles lá se deve a decisões pessoais e que não há acordos bilaterais em virtude dos quais esse envolvimento seja possível".