Notícias

Indignação nos EUA com a morte do jornalista Gonzalo Lira, preso na Ucrânia

"Ele foi torturado, extorquido, mantido incomunicável por 8 meses e 11 dias", disse o pai do jornalista, que culpa o "ditador" Vladimir Zelensky e Joe Biden por sua morte.
Indignação nos EUA com a morte do jornalista Gonzalo Lira, preso na UcrâniaYouTube / Gonzalo Lira — Again

A morte do jornalista e blogueiro chileno-americano Gonzalo Lira, depois de ter sido preso na Ucrânia por criticar o presidente ucraniano Vladimir Zelensky e seu Governo, causou indignação nos EUA.

Várias figuras públicas se manifestaram sobre a morte de Lira, culpando as autoridades dos EUA pela inação e, portanto, dando a Kiev "carta branca" para decidir o destino do jornalista.

"Os EUA apoiaram sua prisão e tortura"


O jornalista norte-americano Tucker Carlson lembrou que Lira morreu aos 55 anos de idade por ter cometido "o crime" de discordar das políticas de Zelensky e Biden. "Gonzalo Lira era um cidadão americano, mas a Administração Biden claramente apoiou sua prisão e tortura. Há várias semanas, conversamos com seu pai, que previu que seu filho seria morto", escreveu Carlson nas redes sociais.

O jornalista já havia destacado que Lira "é um cidadão norte-americano que tem sido torturado em uma prisão ucraniana desde julho pelo crime de criticar Zelensky". "As autoridades de Biden aprovam, porque gostariam de aplicar o mesmo padrão aqui", disse Carlson em dezembro.

A Ucrânia "sabia que poderia agir com impunidade"

O empresário norte-americano David Sacks disse que "a administração Biden poderia ter resgatado Gonzalo Lira com um telefonema, mas não mexeu um dedo". "Portanto, o Governo ucraniano sabia que poderia agir com impunidade", indicou Sacks, acrescentando que o fato de um cidadão americano ter sido levado vivo "sob custódia revela um regime brutal e desenfreado".

"Se você quiser objetar e argumentar que Lira não foi assassinado pelo Governo ucraniano, mas simplesmente foi preso injustamente (por exercer os direitos da Primeira Emenda), foi maltratado e lhe foi negado tratamento médico vital, não vejo muita diferença", escreveu o empresário em uma publicação.

"Houve um tempo em que até mesmo um [Estado] inimigo dos Estados Unidos, quanto mais um aliado, teria expulsado Lira para evitar qualquer risco de um cidadão americano morrer em sua prisão. Nenhum Governo estrangeiro queria arriscar que a ira dos EUA caísse sobre suas cabeças", acrescentou Sacks.

No entanto, a decisão de Kiev de "agir com tanta impunidade" aponta para "a atitude compartilhada do Governo Biden". "Ou seja: os críticos não têm direitos; a justiça está armada. 'Para meus amigos, tudo; para meus inimigos, a lei'", afirmou Sacks.

Suas postagens foram comentadas por Elon Musk, que anteriormente havia solicitado a Zelensky que comentasse a situação da Lira para os cidadãos norte-americanos. "É um desastre completo", expressou o bilionário em solidariedade às alegações de Sacks.

"Será que permitimos que nossos cidadãos sejam mortos?"

Por sua vez, Donald Trump Jr, filho do ex-ocupante da Casa Branca, questionou que uma pessoa de nacionalidade norte-americana possa ser morta pelas autoridades de um país estrangeiro, especialmente como a Ucrânia, que constantemente recebe dinheiro de Washington.

"Então agora estamos permitindo que nossos beneficiários estrangeiros de bem-estar social, como Zelinski, assassinem nossos cidadãos e nossos jornalistas? Eu esperaria uma indignação da nossa mídia, mas sei que ela não virá!", escreveu ele nas redes sociais.

Desaparecimento e morte de Lira


Lira morava em Kharkov e escrevia em um blog sob o pseudônimo de 'CoachRedPill', mas passou a fazer comentários no YouTube após o início do conflito ucraniano. Ele foi preso pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) em maio de 2023 e acusado de "desacreditar" as autoridades ucranianas e as Forças Armadas da Ucrânia.

Ele reapareceu no final de julho com uma série de postagens no X, nas quais revelou sua tortura na prisão e as tentativas da SBU de extorquir dinheiro dele. Ele então disse que pretendia fugir para a Hungria e pedir asilo, mas depois desapareceu novamente. Mais tarde, uma fonte confirmou à RT que o jornalista havia sido capturado e preso. Desde então, não se ouviu mais falar dele.

Na sexta-feira, seu pai informou que Lira morreu em um hospital. Por sua vez, o jornalista Alex Rubinstein compartilhou uma nota escrita por Lira que ele recebeu em 4 de janeiro.

De acordo com seu conteúdo, o jornalista estava com pneumonia em ambos os pulmões, além de pneumotórax e um caso muito grave de edema. Lira disse que, embora tudo isso tenha começado em meados de outubro, a prisão o ignorou até 22 de dezembro. "Estou prestes a me submeter a um procedimento para reduzir a pressão do edema em meus pulmões, o que está me causando extrema falta de ar, a ponto de desmaiar após uma atividade mínima ou até mesmo apenas falar por dois minutos", escreveu.

Ao comentar a morte de Lira, o pai do jornalista atacou Vladimir Zelensky e Joe Biden, culpando-os por seu trágico destino. "Não posso aceitar a forma como meu filho morreu. Ele foi torturado, extorquido, mantido incomunicável por 8 meses e 11 dias e a Embaixada dos EUA não fez nada para ajudar meu filho", disse ele.

"O responsável por essa tragédia é o ditador Zelensky, com a concordância de um presidente americano senil, Joe Biden", disse o pai de Lira.