A reunião dedicada à cooperação entre a Rússia e o Brasil teve lugar nesta quarta-feira às margens do 27º Fórum Econômico Internacional (SPIEF-2024), que está sendo realizado entre 5 e 8 de junho, na cidade russa de São Petersburgo. O evento estava disponível tanto para os participantes do fórum quanto para os interessados no formato virtual.
Respondendo por mais de 30% do volume total de comércio, o Brasil é o principal parceiro da Rússia na América Latina desde 2010. Em 2023, os indicadores do comércio russo-brasileiro permaneceram no nível recorde de 2022, e totalizaram 8,4 bilhões de dólares.
O evento contou com a participação do embaixador do Brasil na Rússia, Rodrigo de Lima Baena Soares, o vice-ministro de Desenvolvimento Econômico da Rússia, Vladimir Ilyichev, o presidente da Associação Russa de Produtores de Fertilizantes, Andrey Guryev, o diretor do Departamento de Promoção Comercial, Investimentos e Agricultura do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Alex Giacomelli da Silva, entre vários empresários e representantes do setor comercial do Brasil e da Rússia.
O díalogo e as ideias levantadas durante a reunião são fundamentais para continuação do desenvolvimento da relação bilateral e "na busca de agendas positivas" para a cooperação russo-brasileira, afirmou Rodrigo de Lima Baena Soares.
O embaixador brasileiro destacou que, desde 2021, é observada "uma nova dinâmica na pauta econômica que atualmente extrapola a esfera comercial".
"A Rússia tornou-se um importante parceiro comercial para o Brasil e observamos uma grande complementariedade entre as duas economias", acrescentou.
O diplomata também revelou que, desde 2022, a Rússia ocupa o quinto lugar entre os maiores provedores do Brasil, sendo responsável pelo fornecimento de "insumos estratégicos" para a economia, como os fertilizantes e o diesel, que são "fundamentais para a manutenção da competitividade do agronegócio brasileiro".
"O fortalecimento do nosso comércio bilateral é apenas um dos aspectos da tendência positiva que observamos na nossa relação", disse o diplomata, sublinhando que os laços comerciais entre os dois países "estão mais fortes do que nunca".
O vice-ministro de Desenvolvimento Econômico da Rússia, Vladimir Ilyichev, declarou que o Brasil é o maior parceiro econômico e comercial da Rússia na América Latina.
"O Brasil frequentemente, quase sempre, de forma equilibrada, apoia nossa posição em questões importantes de desenvolvimento internacional. Agradecemos aos nossos colegas brasileiros por sua posição construtiva de não se juntar às sanções unilaterais contra a Rússia", manifestou o vice-ministro.
Segundo Ilyichev, as novas oportunidades estão se abrindo para os dois países em relação à presidência russa do BRICS e à presidência brasileira do G20. "Certamente usaremos esses eventos para abordar nossa cooperação bilateral", afirmou.
Além disso, o fúncionario de alto escalão disse que "existe um certo potencial em aumentar a cooperação em setores de alta tecnologia, incluindo a indústria nuclear". "Vemos perspectivas na área espacial e na expansão de nossa cooperação na área dos medicamentos", detalhou.
Por sua vez, o presidente da Associação Russa de Produtores de Fertilizantes, Andrey Guryev, afirmou que, apesar da pressão das sanções, das dificuldades com pagamentos, transações e logística, os indicadores do comércio russo-brasileiro permaneceram no nível recorde de 2022.
"Vemos hoje os mais altos níveis recordes de fornecimento de produtos de petróleo da Rússia para o Brasil", declarou, detalhando que as principais exportações da Rússia para o Brasil em 2023 são de petróleo, carvão, gás e fertilizantes minerais. Os principais produtos importados do Brasil para a Rússia em 2023 são sementes oleaginosas e frutas, carne e subprodutos de carne.
"A dinâmica do primeiro trimestre nos permite ser muito otimistas com relação aos resultados de 2024", destacou o empresário russo, expressando a esperança que um novo recorde histórico no volume de comércio bilateral pode ser atingido.