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Pedaços de meteorito revelam antigo segredo vulcânico de planeta distante

Um novo estudo descobriu que dois meteoritos marcianos se formaram há 1.300 anos no mesmo vulcão, possivelmente na região vulcânica de Tharsis.
Pedaços de meteorito revelam antigo segredo vulcânico de planeta distanteScripps Institution of Oceanography / UC San Diego

Um grupo de pesquisadores de instituições científicas dos EUA e da França revelou novos detalhes sobre as estruturas das camadas externas de Marte após analisar os restos de dois tipos de meteoritos que chegaram à Terra vindos do planeta vermelho, informou nesta semana o Scripps Institution of Oceanography.

Um grande meteorito que se chocou contra Marte há 11 milhões de anos fez com que partes do planeta se estilhaçassem. Alguns dos fragmentos ejetados pelo impacto aterrissaram em determinados locais do nosso planeta, como a Antártica e a África.

Nas últimas décadas, os cientistas se dedicaram a coletar esses detritos rochosos, pois podem fornecer informações importantes sobre a evolução do que já foi um planeta potencialmente habitável.

Como as missões atuais de Marte não conseguiram retornar amostras da sua superfície, os meteoritos marcianos são fundamentais para a compreensão da origem e da formação de diferentes tipos de rochas, bem como para a construção de modelos geoquímicos e geofísicos do planeta vermelho.

Rochas formadas no mesmo vulcão

Um estudo publicado na Science Advances relata que dois meteoritos marcianos, com diferentes composições minerais, encontrados em Chassigny (França) e Nakhla (Egito), respectivamente, formaram-se há 1.300 anos no mesmo vulcão, possivelmente na região vulcânica de Tharsis.

São chassignitos duníticos e nakhlitos basálticos, ricos em olivina e augita, respectivamente. Na Terra, os basaltos são o principal componente da crosta, enquanto as olivinas são abundantes no manto. No caso dos meteoritos, os cientistas explicaram que os nakhlites faziam parte da crosta marciana e os chassignites faziam parte do manto.

Segundo os cientistas, as rochas estavam relacionadas umas às outras por meio de um processo conhecido como 'cristalização fracionada' dentro do mesmo vulcão onde se originaram. Além disso, determinaram, após analisar a composição das amostras, que alguns nakhlites estavam próximos o suficiente da crosta para interagir com a atmosfera marciana e sofrer alterações.

"Ao determinar que os nakhlites e chassignites são provenientes do mesmo sistema vulcânico e que interagiram com a crosta marciana que foi alterada por interações atmosféricas, podemos identificar um novo tipo de rocha em Marte", diz o geólogo James Day, acrescentando que com "a coleção existente de meteoritos marcianos, todos de origem vulcânica", será possível "entender melhor a estrutura interna" do planeta vermelho.