Empresas ocidentais abandonam discretamente os planos de sair da Rússia
Muitas empresas ocidentais, mesmo aquelas que anunciaram sua retirada do mercado russo, continuam operando no país apesar das inúmeras sanções impostas à Rússia pelo Ocidente após o início da operação militar especial na Ucrânia, informa o Financial Times.
As mudanças de planos das empresas ocorreram em meio ao crescimento econômico da Rússia e aos crescentes obstáculos burocráticos para sair do mercado. Um desses obstáculos é que os ativos pertencentes a países hostis devem ser obrigatoriamente vendidos pela metade do preço aos compradores russos, além de terem de pagar uma "taxa de saída" mínima de 15%. Soma-se a isso a dificuldade de encontrar um comprador que não se enquadre nas sanções ocidentais e, ao mesmo tempo, satisfaça as autoridades russas, que devem aprovar o negócio.
Um gerente que trabalha com empresas ocidentais na Rússia comentou que houve, de fato, uma "mudança notável" na tendência das empresas de deixar o mercado russo e agora preferem ficar. "A onda atual é mais sobre se você realmente tem que sair e se quer sair. Algumas dessas empresas construíram quatro ou cinco fábricas ao longo de 30 anos. Elas não vão vendê-las com um desconto de 90%", explicou.
A maioria prefere ficar
Segundo dados citados pelo Financial Times, 2.173 empresas estrangeiras continuam operando na Rússia, enquanto 1.223 suspenderam suas atividades no mercado russo e 387 deixaram o país. Entre as que permaneceram estão a marca de cosméticos Avon Products, a produtora francesa de gás industrial Air Liquide e a empresa de bens de consumo Reckitt.
A decisão de muitas empresas de continuar operando na Rússia foi influenciada pelo crescimento do PIB do país, que acelerou para 5,4% em relação ao ano anterior no primeiro trimestre. Ao mesmo tempo, o Fundo Monetário Internacional elevou em abril sua previsão para o crescimento econômico da Rússia em 2024. Segundo os dados da agência, o crescimento projetado chegará a 3,2% este ano, o que excede as previsões econômicas para os Estados Unidos (2,7%), Reino Unido (0,5%), França (0,7%) e Alemanha (0,2%).