"Não há nenhum lugar seguro": ONU horrorizada com novo ataque israelense a um campo de palestinos deslocados em Rafah
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, expressou "horror" perante novas perdas de vidas civis, após o último ataque das Forças de Defesa de Israel (FDI) a um campo de palestinos deslocados em Rafah, que deixou pelo menos 45 mortos e mais de 200 feridos.
"As imagens do campo são horríveis e não indicam nenhuma mudança aparente nos métodos e meios de guerra usados por Israel, que já resultaram em tantas mortes de civis", disse Türk em um comunicado, lamentando que em Gaza "não há literalmente nenhum lugar seguro".
O representante de alto escalão da ONU ainda destacou que, embora as FDI tenham anunciado uma revisão, "o que está claro é que atacar uma área como essa, densamente povoada por civis, era um resultado totalmente previsível", ressaltando a importância de que "essas revisões levem à responsabilização e a mudanças na política e na prática".
"Peço a Israel que cesse sua ofensiva militar na província de Rafah, conforme ordenado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ)", acrescentou.
Em 26 de maio, Tel Aviv e a parte central de Israel sofreram um ataque massivo com foguetes vindos do sul da Faixa de Gaza. O grupo palestino Hamas reivindicou a agressão.
Poucas horas depois, munições disparadas de uma aeronave israelense atingiram um acampamento na área de Al Hashash, em Rafah. Após os ataques, houve várias explosões e incêndios. Imagens de corpos carbonizados começaram a circular nas redes sociais. As FDI justificaram seu ataque mortal com o argumento de que o alvo era uma área controlada por milicianos do Hamas.
Türk instou novamente todas as partes envolvidas no conflito a estabelecerem um cessar-fogo, dada a necessidade imperativa de proteger os civis.
"Permitam que eles encontrem segurança"
Da mesma forma, o chefe de Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência da ONU, Martin Griffith, classificou o ataque de "sinistro", lembrando que, no meio do acontecido, ainda não conseguiram retirar a ajuda humanitária "na escala necessária devido a impedimentos e combates ativos".
"Essa impunidade não pode continuar. Protejam os civis. Permitam que eles encontrem segurança. Permitam que eles recebam ajuda", escreveu Griffiths em sua conta no X.
Por sua vez, a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Catherine Russell, criticou o "inconcebível" ataque israelense a Rafah e pediu um cessar-fogo imediato para pôr fim à "matança sem sentido de crianças".
"As imagens de crianças e famílias queimadas saindo de barracas bombardeadas em Rafah chocam a todos nós. O relato da morte de crianças abrigadas em tendas improvisadas é inconcebível. Por mais de sete meses, testemunhamos o desenrolar dessa tragédia, que resultou em milhares de crianças mortas ou feridas", lamentou.
- Em 24 de maio, a CIJ ordenou que Israel interrompesse sua ofensiva e qualquer outra ação na província de Rafah que pudesse levar à "destruição física" da população de Gaza.
- Desde 7 de outubro, o número de vítimas da agressão israelense chegou a 36.050 palestinos e 81.026 feridos, segundo dados do Ministério da Súde de Gaza.