Rússia propõe sistema global de monitoramento do espaço
Nesta semana, no contexto da cúpula que reuniu os chefes das agências espaciais dos países membros do BRICS em Moscou, Yuri Borisov, diretor-geral da Roscosmos, contou à RT que a Rússia está estudando a criação de um sistema global de monitoramento do espaço, visando assegurar alertas antecipados sobre ameaças celestiais.
"A proposta russa de criar um sistema de monitoramento espacial global para determinar ameaças, tanto de objetos naturais quanto artificiais, despertou um interesse genuíno. Estamos falando de proteção contra detritos, asteroides", explicou Borisov à RT.
O diretor rechaçou a ideia de que tal sistema seria restrito aos países do BRICS, ao passo que a iniciativa exige esforços coletivos de diferentes nações ao redor do planeta.
"Esse sistema só pode ser construído como um sistema global, uma vez que são necessários muitos sensores no solo de todo o mundo, além de componentes espaciais que garantam a confiabilidade na tomada de decisões no caso de encontros referentes à quaisquer objetos perigosos".
Nesse contexto, Borisov negou que a Rússia esteja engajada com qualquer tipo de isolacionismo espacial. ''O sistema é aberto, não estamos buscando nos isolar. Convocaremos todas as nações que considerarem possível participar para se juntarem ao sistema, e nós as aceitaremos", concluiu.
Nos dias de hoje, a questão espacial mostra-se um dos raros eixos de cooperação entre a Rússia e os países do Ocidente. Mesmo diante das crescentes tensões, os norte-americanos, por exemplo, continuam realizando missões conjuntas com os cosmonautas russos.
BRICS em Moscou
A reunião de chefes das agências espaciais do BRICS, realizada em Moscou nos dias 23 e 24 deste mês, teve por objetivo a discussão de projetos atuais e futuros e a assinatura de documentos conjuntos, de acordo com a apuração da TV BRICS.
Ao veículo, Mohsen Al Awadhi, diretor de programa da Missão dos Emirados Árabes Unidos para o Cinturão de Asteroides, destacou a histórica contribuição da Rússia no âmbito espacial. ''Juntos, devemos utilizar nossos recursos. Com base nisso, podemos criar e lutar por novas conquistas que garantirão o progresso de toda a humanidade", acrescentou.
"Esta é a primeira vez que o lado etíope está participando da reunião de chefes de agências espaciais'', destacou por sua vez Adbsissa Yilma, chefe do Instituto Geoespacial e de Ciências Espaciais da Etiópia. O país, bem como os EAU, integra o BRICS desde janeiro deste ano. ''Estamos mais interessados em projetos de pesquisa", concluiu.
Papel do Brasil
Representando o Brasil no evento, estava Marco Antonio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira. Durante sua participação, ele destacou a importância de acordos que viabilizam a troca de imagens e dados entre países do BRICS.
O Brasil figura como o expoente de um das cooperações espaciais mais expressivas entre países do BRICS. Afinal, Brasília e Pequim construíram em conjunto uma série de satélites CBERS de observação terrestre.
"Durante muitos anos, e talvez até hoje, esse acordo foi o maior acordo de cooperação em ciência e tecnologia Sul-Sul, entre dois países em desenvolvimento'', afirmou Celso Amorim, que participou das articulações pela parceria ainda em 1984, em uma depoimento anterior.
"Anos mais tarde, [o acordo] também beneficiou outros países em desenvolvimento. As imagens concedidas por esse satélite são fundamentais para a administração do território, desmatamento, meio ambiente. E têm sido cedidas para outros países, sobretudo na África, mas não apenas", acrescenta.