Governo faz balanço e destaca avanço do Brasil na política externa e fóruns globais

Documento destaca reposicionamento do país em temas como clima, segurança e governança global.

O governo federal apresentou, neste sábado (27), um balanço dos três primeiros anos da política externa brasileira no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O documento destaca a retomada do protagonismo internacional, com a reconstrução do diálogo diplomático e o fortalecimento da presença do país em fóruns multilaterais, além da liderança em agendas como combate à fome, transição climática justa e integração regional.

Segundo o balanço, a política externa voltou a ser um eixo estratégico do desenvolvimento nacional. Com base no multilateralismo, o Brasil passou a ocupar posição central em debates globais e reforçou sua atuação em articulações políticas, econômicas e sociais de escala internacional.

"O BRICS é um novo jeito de a gente fazer o multilateralismo sobreviver no mundo. A gente não quer mais um mundo tutelado. A gente quer fortalecer o processo democrático, o processo multilateral. A gente quer a paz, o desenvolvimento e a participação social", afirmou o presidente Lula, durante a Cúpula dos Chefes de Estado do BRICS, nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.

BRICS e Sul Global como eixos estratégicos

O balanço destaca a presidência pro tempore brasileira no BRICS, iniciada em 1º de janeiro de 2025, como uma das principais plataformas de atuação internacional. Sob o lema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", o Brasil priorizou ações práticas em desenvolvimento sustentável, financiamento internacional e combate às desigualdades.

De acordo com o documento, a liderança brasileira reforçou o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como ferramenta de apoio a projetos estruturantes e sustentáveis, com foco em inovação, saúde, ciência e transição energética.

Combate à fome no centro da agenda global

A presidência brasileira do G20, exercida em 2024, colocou o combate à fome e à pobreza no centro da agenda econômica internacional. Inspirado em políticas públicas nacionais, o Brasil lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que reúne mais de 200 membros e já apresenta resultados concretos em diversos países.

O ministro Wellington Dias anunciou que o mecanismo de apoio da Aliança estará plenamente operacional em 2026. "Sigamos em frente, com esperança, com urgência, e com a determinação de não deixar ninguém para trás", afirmou.

Integração regional e combate ao crime organizado

Durante o segundo semestre de 2025, o Brasil liderou a presidência pro tempore do MERCOSUL. A gestão brasileira concentrou esforços na ampliação da coesão regional, no fortalecimento do mercado comum e na atualização de agendas em áreas como energia, tecnologia e segurança.

Entre os destaques do período está a criação da Comissão MERCOSUL contra o Crime Organizado Transnacional (CMCOT) e a aprovação da Estratégia regional de enfrentamento ao crime. Além disso, o governo inaugurou o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), com participação de nove estados da Amazônia Legal e nove países da região.

"A segurança pública é um direito do cidadão e um dever do Estado, independente de ideologia. O MERCOSUL demonstrou disposição de enfrentar as redes criminosas de forma conjunta", disse Lula, na Cúpula de Líderes do bloco, em Foz do Iguaçu, no dia 20 de dezembro.

COP30 e liderança na agenda climática

A realização da COP30 em Belém (PA) consolidou o protagonismo brasileiro na pauta climática global, define o balanço. O evento resultou no Pacote de Belém, com 29 decisões focadas em transição energética justa, financiamento para adaptação, comércio, tecnologia e inclusão.

O governo reafirmou que a transição para uma economia de baixo carbono deve ser compatível com o desenvolvimento social, especialmente nos países em desenvolvimento.

"Aprovou-se um documento único, o multilateralismo saiu vitorioso e Belém ficou maravilhosamente bonita para o povo do Pará", afirmou o presidente durante o evento.

Diplomacia multilateral e cooperação entre blocos

O balanço também menciona a atuação brasileira em fóruns regionais e internacionais. Em novembro, durante a IV Cúpula CELAC-UE, realizada na Colômbia, Lula defendeu a democracia como condição essencial para o desenvolvimento. Já em outubro, na Cúpula da ASEAN, na Malásia, destacou a cooperação como ferramenta para a prosperidade.

"Partilhamos a convicção de que um mundo multipolar é mais propício à paz do que um planeta dividido por rivalidades estratégicas", declarou.

Ao final do balanço, o governo reafirma o compromisso com a soberania nacional, o diálogo internacional e a construção de uma ordem global mais equilibrada, inclusiva e sustentável.