O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reafirmou nesta sexta-feira (26) que continua disposto a manter conversas diretas com as autoridades americanas, desde que ocorram "com base no respeito".
"Nossa mensagem é de paz, amor e compreensão. E se, nos EUA, alguém algum dia decidir, com base no respeito, dialogar e superar projetos fracassados de mais de 25 anos, aqui sempre haverá um presidente que representa seu povo, que estenderá a mão e buscará caminhos para a paz, a cooperação e a prosperidade. Era preciso dizer, e foi dito", declarou ele durante uma sessão de trabalho transmitida em suas redes sociais.
Maduro declarou ainda que "é impossível para setores do poder nos EUA fabricarem uma realidade virtual e imporem um modelo de dominação colonial e escravista à Venezuela de [Simón] Bolívar para roubar seus recursos naturais".
"Isso é impossível porque aqui existe um povo estabelecido no território, nas comunidades, nas universidades, nas fábricas e nos quartéis, e esse povo demonstrou capacidade suficiente para conduzir nosso país pelo caminho certo, em bom ritmo e com bom senso", disse.
Com o objetivo de demonstrar que esta não é uma declaração baseada na situação atual, o mandatário lembrou as tentativas frustradas que Washington empreendeu nos últimos 25 anos para promover uma mudança de regime, primeiro contra o então presidente, Hugo Chávez, e a partir de 2013, contra si próprio, incluindo apoio político, financeiro e diplomático a figuras da ala extremista da oposição.
"Os modelos fracassados de Leopoldo López, Julio Borges, Guaidó e María Corina Machado jamais tomarão conta deste país. E a Venezuela seguirá seu curso com seu plano, sua liderança e seu povo, alcançando grandes feitos nos anos vindouros", afirmou ele.
Ameaças a Maduro
Na segunda-feira (22), em meio à agressão sem precedentes de Washington contra Caracas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que planeja atacar não apenas a Venezuela por terra, mas qualquer lugar de onde "venham drogas". "De qualquer lugar de onde venham drogas. De qualquer lugar. Não apenas da Venezuela", disse ele.
Questionado sobre por que Maduro deveria levar a sério sua ameaça de ataques terrestres, Trump respondeu que o líder venezuelano "pode fazer o que quiser".
"Se ele quiser fazer alguma coisa, se jogar duro, será a última vez que poderá fazê-lo", advertiu.
EUA pretendem 'impor um governo fantoche'
Maduro então denunciou que o verdadeiro objetivo dos EUA é a "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
Anteriormente, o mandatário venezuelano afirmou que Washington estava tentando promover uma mudança de poder na Venezuela e "impor um governo fantoche que não duraria 47 horas".
"É um plano belicista e colonialista. Já dissemos isso o suficiente, e agora todos veem a verdade. A verdade foi revelada: o objetivo na Venezuela é uma mudança de regime para impor um governo fantoche que não duraria 47 horas, um governo que entregaria a Constituição, a soberania e toda a riqueza, transformando a Venezuela em uma colônia. Simplesmente, isso não vai acontecer", afirmou.
Agressões dos EUA
Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em pelo menos 100 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.