Os juízes da Corte Internacional de Justiça (CIJ) ordenaram na sexta-feira que Israel interrompesse sua ofensiva militar contra a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, informa a Al Jazeera.
"Israel deve interromper imediatamente sua ofensiva militar ou qualquer outra ação na província de Rafah que possa infligir ao grupo palestino em Gaza condições de vida que possam levar à sua destruição física total ou parcial", declarou o presidente do tribunal, Nawaf Salam.Ele também disse que a CIJ não está convencida de que os esforços israelenses de evacuação na Faixa sejam suficientes.
"O tribunal não está convencido de que os esforços de evacuação e as medidas relacionadas que Israel alega ter empreendido para melhorar a segurança dos civis na Faixa de Gaza e, em particular, daqueles recentemente deslocados da região de Rafah, sejam suficientes para aliviar o imenso risco para a população palestina como resultado da ofensiva militar em Rafah", expressou. Nesse sentido, ele alertou que a situação humanitária em Rafa "se deteriorou ainda mais" desde a última ordem judicial em março e agora é "desastrosa".
A resposta será "ocupar Rafah"
Por sua vez, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Ben Gvir, condenou a decisão da mais alta corte da ONU como "antissemita" e disse que a resposta de Tel Aviv à ordem será "ocupar Rafah".
O ministro das finanças de Israel, Bezalel Smotrich, também criticou o anúncio. "Aqueles que exigem que o Estado de Israel pare a guerra exigem que seja decretado que ele deixe de existir. Não aceitaremos isso", escreveu ele em sua mídia social. "Se depormos nossas armas, o inimigo virá para as camas de nossos filhos e mulheres em todo o país", acrescentou. "A história julgará aqueles que hoje se aliaram aos nazistas do Hamas e do Estado Islâmico*", concluiu.
O Hamas acolheu com satisfação a decisão da CIJ, mas ao mesmo tempo expressou decepção. "Esperávamos que o tribunal decidisse sobre a cessação da agressão em toda a Faixa de Gaza e não apenas na área de Rafah. O que está acontecendo em Jabalia [no norte do enclave] e em outras áreas não é menos criminoso e perigoso", declarou o movimento.
O processo judicial contra o Estado judeu em Haia iniciou em dezembro de 2023, a pedido da África do Sul. Enquanto isso, Israel lançou este mês seu ataque a Rafah, forçando centenas de milhares de palestinos em Gaza a fugir da cidade. Em apenas duas semanas, mais de 900.000 palestinos foram deslocados pelos combates e agora carecem de abrigo, alimentos, água e medicamentos.
*Reconhecido na Rússia como grupo terrorista