China reage a relatório do Pentágono e acusa Washington de distorcer política de defesa

Porta-voz da chancelaria chinesa afirma que documento dos EUA tenta justificar hegemonia militar e criar divisões entre Pequim e outros países.

O governo da China reagiu de forma direta ao mais recente relatório do Pentágono sobre a política de defesa chinesa. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, o documento divulgado pelo Departamento de Guerra dos Estados Unidos busca distorcer a postura defensiva de Pequim e ampliar desconfianças no cenário internacional.

Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (25), Lin Jian declarou que a China se opõe firmemente ao conteúdo do relatório, argumentando que o texto tem como objetivo justificar as intenções de Washington de manter sua hegemonia militar. De acordo com o porta-voz, as acusações apresentadas não contribuem para a estabilidade global.

O representante da chancelaria chinesa fez referência ao informe anual encaminhado ao Congresso norte-americano, intitulado "Desenvolvimentos militares e de segurança que envolvem a República Popular da China". Com cerca de 100 páginas, o documento afirma que, apesar de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, buscar relações mais amistosas com Pequim, o avanço tecnológico do Exército chinês representaria uma ameaça direta à segurança de Washington.

Entre os pontos destacados, o relatório sustenta que a China estaria se preparando para "conquistar uma vitória estratégica decisiva" em Taiwan até 2027, caso o presidente chinês, Xi Jinping, assim determine. "Em outras palavras, China espera poder travar e vencer uma guerra contra Taiwan para finais de 2027", afirma o texto.

O documento acrescenta que Pequim já teria testado "componentes essenciais" de uma possível invasão, como exercícios para atacar alvos marítimos e terrestres, atingir forças dos EUA no Pacífico e bloquear o acesso a portos considerados estratégicos.

O Pentágono também acusa a China de empregar o desenvolvimento acelerado de sua tecnologia espacial "para monitorar, rastrear e atacar as forças americanas e aliadas tanto terrestres como em órbita". O relatório menciona ainda uma expansão nuclear em larga escala, a prática de ciberespionagem contra os Estados Unidos e seus aliados e a formação de uma aliança com Moscou para contrabalançar Washington.

Taiwan mantém uma administração própria desde 1949, enquanto a China considera a ilha parte irrenunciável de seu território. A maioria dos países, incluindo a Rússia, reconhece Taiwan como parte integrante da República Popular da China. Diante das declarações separatistas do atual comando taiwanês, autoridades chinesas reiteram que a região "nunca foi um país, nem jamais o será", afirmando que "Taiwan é uma parte inalienável do território da China".

No fim de outubro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que não considera que a China pretenda "invadir" Taiwan, sugerindo que poderia dissuadir o gigante asiático.