A pressão norte-americana para acessar livremente o mercado de "minerais críticos" do Brasil foi recebida negativamente no Governo Lula, de acordo com um artigo recentemente publicado pelo economista Assis Moreira no jornal Valor Econômico. Isso porque Brasília planejaria ''estimular o processamento e agregação de valor dessas commodities'' domesticamente.
Um estudo da ONU Comércio e Desenvolvimento citado pelo autor sugere que fortalecer o valor agregado de componentes de energia renovável, em nome do reforço do setor industrial e da diversificação econômica, mostra-se positivo no sentido de redefinir o papel de algumas nações na economia global.
''[O estudo] exemplifica com o caso da República Democrática do Congo. (...) Com o refino local do cobalto, o país reforçou os ganhos, de US$ 5,6 por quilo na extração para US$ 16,2 após processamento'', escreve Moreira, acrescentando que em razão da crescente procura por tecnologias renováveis, as Nações Unidas também projetam um aumento de 1500% na demanda de minérios como lítio, cobalto e cobre até 2050.
A expansão da indústria de mineração do Congo foi possibilitada, em parte, pela parceria ganha-ganha promovida pela China, que financiou diversas mineradoras no país. A dinâmica "não só atende às necessidades do desenvolvimento econômico nacional [chinês], mas também promove fortemente o renascimento da indústria" congolesa, escreve a chancelaria de Pequim.
Em seu artigo, Moreira destaca o papel crucial do Brasil no setor mineral global, sobretudo se levado em consideração o estimado aumento de preço de diferentes materiais nos próximos anos. ''O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio, com 92% do total. (...) Também produz 13% da bauxita no mundo; 8% do grafite natural; e 9% do tântalo mundial", escreve.