O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a comentar os termos do acordo de paz de 20 pontos anunciado na quarta-feira (24) pelo líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, e divulgado pela imprensa da Ucrânia.
"Já respondi a essa pergunta, então não vejo necessidade de me repetir", afirmou ao ser questionado sobre o documento.
Peskov já havia informado que o enviado especial do Kremlin, Kirill Dmitriev, deu ao presidente russo Vladimir Putin um relato detalhado das conversas com autoridades do governo dos Estados Unidos.
"Todos os principais parâmetros da posição da Rússia são bem conhecidos por nossos colegas nos Estados Unidos", disse.
Abordando as causas profundas do conflito
Putin tem reiterado que a segurança de longo prazo da Rússia deve ser priorizada. Segundo o Kremlin, isso está ligado às causas estruturais do conflito, como a expansão da OTAN, vista por Moscou como ameaça, e às violações de direitos da população de língua russa da Ucrânia, que a Rússia visa proteger.
A proposta de Moscou prevê a retirada completa das tropas de Kiev das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Zaporozhie e Kherson, que se uniram à Rússia após referendos realizados em 2022, além do reconhecimento desses territórios, bem como da Crimeia e de Sebastopol, como parte integrante da Federação Russa.
O plano também exige garantias de neutralidade, não alinhamento, desnuclearização, desmilitarização e desnazificação da Ucrânia.
Proposta de Zelensky
- Confirmação da soberania da Ucrânia.
- Acordo de não agressão entre a Rússia e a Ucrânia, com monitoramento da linha de contato.
- Garantias de segurança.
- As Forças Armadas da Ucrânia terão 800.000 soldados em tempos de paz.
- Os Estados Unidos, a OTAN e a Europa fornecerão à Ucrânia garantias de segurança, semelhantes ao Artigo 5. Se a Rússia invadir a Ucrânia, haverá uma resposta militar e a restauração das sanções.
- A Rússia consagrará sua política de não agressão em relação à Europa e à Ucrânia em todas as leis necessárias.
- A Ucrânia se tornará membro da União Europeia em um momento específico, de preferência com data definida.
- Um pacote global de desenvolvimento, a ser detalhado em acordo separado de investimentos.
- Criação de fundos para tratar da reconstrução, com meta de captar US$ 800 bilhões.
- A Ucrânia acelerará a conclusão de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.
- Manutenção do status de país livre de armas nucleares.
- Usina Nuclear de Zaporozhie. Sem concessões. Os EUA propõem uma estrutura de gestão trilateral com um gestor americano. A proposta da Ucrânia prevê divisão igual de responsabilidades entre EUA e Ucrânia.
- Programas educacionais nas escolas voltados à promoção da compreensão intercultural e ao combate ao racismo e ao preconceito.
- Territórios. O ponto mais sensível. Uma opção prevê a retirada da Rússia das regiões de Dnepropetrovsk, Nikolaev, Sumy e Kharkov. Em Donetsk, Lugansk, Zaporozhie e Kherson, as forças permaneceriam onde estão. A Rússia exige a retirada ucraniana de Donetsk, enquanto os EUA sugerem uma solução intermediária, com a criação de uma zona econômica especial. Na ausência de acordo, a medida só poderia ser adotada por meio de referendo, com o documento submetido a votação.
- Compromisso de Rússia e Ucrânia de não alterar os acordos pelo uso da força.
- Garantia de que a Rússia não impedirá o uso do rio Dnieper e do mar Negro para fins comerciais. A península de Kinburn será desmilitarizada.
- Troca de prisioneiros no modelo "todos por todos" e retorno de civis, crianças e presos políticos.
- Realização de eleições na Ucrânia o mais rápido possível após a assinatura do acordo.
- O acordo terá caráter juridicamente vinculante e será supervisionado por um Conselho de Paz, presidido por Trump.
- Após a concordância de todas as partes, um cessar-fogo total entrará em vigor de forma imediata.