
Rússia diz que bloqueio dos EUA contra a Venezuela 'não é ação isolada e pode se tornar um modelo'

A Rússia disse ao Conselho de Segurança na terça-feira (23) que a atual agressão dos EUA contra a Venezuela "não é um incidente isolado", e que "pode se tornar um modelo" para intervenção autoritária em outros países.

"Temos todos os motivos para acreditar que o que os EUA estão fazendo atualmente contra a Venezuela não é uma ação isolada, mas uma intervenção que pode se tornar um modelo para futuras ações militares contra outros Estados latino-americanos", com base no "corolário Trump" da Doutrina Monroe, a diretriz de política externa adotada pela Casa Branca para o Hemisfério Ocidental", disse o Representante Permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzia.
Nessa mesma linha, o diplomata afirmou que Washington emprega "truques pseudolegais" para impor suas políticas supremacistas acima do direito internacional e da soberania e independência de outros países. "Hoje, o bloqueio imposto pelos EUA à costa venezuelana constitui um ato flagrante de agressão", declarou.
Ele também alertou que a "responsabilidade" dos EUA pelas consequências catastróficas de suas ações no Caribe — que ele descreveu como "comportamento de caubói" — seria "evidente", e questionou as alegações dos EUA de "transformar qualquer atividade em uma ação das forças da lei sob o argumento de sua defesa nacional".
Em seu discurso, Nebenzia reafirmou o apoio de Moscou ao governo e ao povo venezuelano. "Reiteramos nossa total solidariedade ao povo venezuelano e ao seu líder, Nicolás Maduro, que está protegendo a soberania e os interesses de seu país. Estamos convencidos de que todos devem fazer o mesmo para defender o direito internacional", disse ele.
Agressões dos EUA
Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em pelo menos 100 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.
