
Greve e cerco sindical pressionam Governo boliviano a revogar decreto do 'gasolinazo'

Trabalhadores da Central Operária Boliviana (COB), a maior organização sindical do país, anunciaram nesta segunda-feira (22) a realização de um cerco à praça Murillo, sede dos poderes em La Paz, como forma de pressionar o Governo de Rodrigo Paz pela revogação do Decreto Supremo 5503.
A medida, apelidada de "gasolinazo" pelos movimentos sociais, suspende os subsídios aos combustíveis após mais de duas décadas e, segundo os sindicalistas, impõe uma política neoliberal e entrega recursos estratégicos a empresas privadas. As informações foram divulgadas pela teleSUR.
"Vamos cercar toda a praça Murillo para gerar pressão e, de uma vez por todas, que o Governo toque o coração e revogue esse maldito Decreto 5503", declarou Mario Argollo, secretário executivo da COB, em frente ao principal centro político da Bolívia, que já está protegido por barricadas e forte presença policial.

A manifestação ocorre poucos dias após o governo de La Paz ter formalizado um convite ao diálogo com a liderança sindical, proposta que ainda será avaliada internamente pelas bases da COB. A central mantém uma greve geral por tempo indeterminado contra o decreto, classificado como "antioperário" e prejudicial às camadas mais vulneráveis da sociedade.
Argollo confirmou a existência da convocatória ao diálogo, mas ressaltou que a decisão final será tomada em uma reunião ampliada com federações e organizações regionais. "Pedimos a revogação do decreto neoliberal 5503, que somente beneficia os milionários. É um decreto maldito. Se não fizermos algo agora, dias sombrios virão para nossas famílias", afirmou.
Também participaram dos protestos trabalhadores das cooperativas mineiras e setores cocaleiros. Alfredo Llarerico, presidente da Federação de Cooperativas Mineiras de La Paz, declarou que "as cooperativas mineiras protestam em La Paz contra a política neoliberal vigente desde quarta-feira (17), que suspende o subsídio aos combustíveis e facilita a entrega de recursos estratégicos a privados nacionais e estrangeiros".
As manifestações reuniram milhares de pessoas na capital boliviana em uma mobilização que cresce desde a entrada em vigor do decreto. O movimento sindical afirma que manterá a pressão até que o governo volte atrás na medida.
