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EUA interceptam outro navio petroleiro próximo à costa da Venezuela

O primeiro navio petroleiro foi interceptado por militares norte-americanos na semana passada, gerando críticas da comunidade internacional.
EUA interceptam outro navio petroleiro próximo à costa da VenezuelaU.S. Department of Home Security

Os Estados Unidos interceptaram neste sábado (20) outro navio petroleiro próximo à costa da Venezuela, em meio à sua ampla campanha de pressão contra o país latino-americano.

A secretária de Segurança Interna norte-americana, Kristi Noem, confirmou, em sua conta no X, a detenção de um navio petroleiro que "havia atracado pela última vez na Venezuela".

Segundo a secretária, Washington seguirá "combatendo o movimento ilícito de petróleo sancionado, utilizado para financiar o narcoterrorismo na região". As declarações foram amplamente rechaçadas por Caracas, que acusa o governo de Donald Trump de recorrer a práticas de "pirataria".

Trata-se de um navio petroleiro com bandeira do Panamá, denominado Centuries. A embarcação tem comprimento total (LOA) de 333,27 metros e largura (boca) de 58 metros.

''Piratas do Caribe''

O primeiro navio petroleiro foi abordado por militares norte-americanos na semana passada. Na ocasião, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classificou o episódio como um "ato absolutamente criminoso e ilegal" e acusou a Casa Branca de agir "como piratas do Caribe contra uma embarcação mercante, comercial, civil, privada, de paz".

Na terça-feira (16), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou o "bloqueio total e completo" da entrada e saída de navios petroleiros sancionados da Venezuela. Além disso, anunciou que o governo venezuelano foi "designado como uma organização terrorista" por Washington.

Trump acusou Caracas, sem apresentar provas, de utilizar "o petróleo de campos roubados para se financiar e financiar o terrorismo ligado às drogas, ao tráfico de pessoas, a assassinatos e a sequestros".

Por sua vez, Maduro reiterou que, apesar da prolongada agressão dos EUA, o país derrotará "a oligarquia e o imperialismo em qualquer circunstância". "A Venezuela tem 25 semanas denunciando, enfrentando e derrotando uma campanha de agressão multidimensional que vai do terrorismo psicológico à pirataria dos corsários que assaltaram o petróleo, com múltiplas formas de ação. O que a Venezuela demonstrou? Que é um país forte, que tem um poder verdadeiro", afirmou.

O presidente venezuelano também classificou como "mentira" e "fake news" o argumento norte-americano de combate ao narcotráfico, dizendo que ele é usado como pretexto para justificar agressões. "Isso do narcotráfico é fake news, mentira, pretexto. Como não podem dizer que temos armas de destruição em massa, armas químicas ou mísseis nucleares, inventam um pretexto para criar outro Afeganistão, outra Líbia", explicou.

Agressões dos EUA

  • Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
  • Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
  • Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
  • Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
  • Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como RússiaColômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.