Durante a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, realizada em Foz do Iguaçu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da integração sul-americana e alertou sobre os perigos de uma possível intervenção militar na Venezuela.
"Construir uma América do Sul próspera e pacífica é a única doutrina que nos convém", disse Lula na sessão plenária. Ele criticou a ideia de que avançar na integração significaria abrir mão da soberania, lembrando que as verdadeiras ameaças vêm da guerra, de forças antidemocráticas e do crime organizado.
O presidente ressaltou que, mais de quatro décadas após a Guerra das Malvinas, a região volta a enfrentar a presença militar de uma potência extra-regional. Segundo Lula, qualquer intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e estabeleceria um precedente perigoso para o mundo.
A cúpula, que reúne presidentes e representantes dos países membros do Mercosul, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e de estados associados, acontece no Belmond Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu, com debates sobre integração econômica, política e segurança regional.
Agressões dos EUA
- Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
- Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.