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Sob bloqueio francês, União Europeia adia novamente decisão sobre acordo comercial com Mercosul

O presidente francês defendeu reiteradamente que o acordo não lhe é aceitável em sua redação atual.
Sob bloqueio francês, União Europeia adia novamente decisão sobre acordo comercial com MercosulGettyimages.ru / Dursun Aydemir / Anadolu

O presidente da França, Emmanuel Macron, conseguiu um adiamento antes da ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, comentou nesta sexta-feira (19), em uma coletiva de imprensa em Bruxelas, capital da Bélgica.

"Em relação ao Mercosul, pude reiterar esta manhã, como já havia feito nas últimas semanas, que o acordo não era aceitável em sua forma atual e que não atendia às condições que sempre estabelecemos", afirmou Macron. "Após discussões difíceis, conseguimos o adiamento dessa decisão e, consequentemente, da cúpula inicialmente agendada para depois de amanhã".

Assim, o acordo de livre comércio transatlântico volta a ser suspenso na iminência da aprovação. Os 27 países participantes decidiram adiar a assinatura para o próximo mês de janeiro.

O bloqueio da França é o principal motivo do adiamento da votação, mas a Itália também apresenta uma posição reticente, representada pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni. Agricultores europeus se opõem ao acordo, argumentando que competiriam com seus pares latino-americanos em condições desiguais, devido às rígidas políticas agrícolas europeias.

A última manifestação do setor ocorreu há apenas 24 horas, quando cerca de 15 mil agricultores, acompanhados por 500 tratores, protestaram frente às portas do Parlamento Europeu em Bruxelas, sendo reprimidos pelas autoridades policiais com uso da força e de gás lacrimogênio.

Com mais delongas

O acordo, que vem sendo negociado há 25 anos, criará a maior zona de livre comércio do mundo, gerando um mercado potencial de mais de 700 milhões de pessoas, facilitando a exportação de produtos europeus para a América do Sul, principalmente automóveis e maquinário, e permitindo a entrada na UE de produtos sul-americanos, principalmente agrícolas e matérias-primas.

Entre as principais reivindicações do campo europeu está a imposição de cláusulas recíprocas para que os países do Mercosul respeitem as exigências ambientais da União Europeia, especialmente referentes ao uso de ração e pesticidas.

"Precisamos desses avanços para que o texto mude de natureza, para que possamos falar de um novo acordo forte nessas cláusulas de salvaguarda, forte nessa reciprocidade e controle, que nos permita proteger nossos agricultores, proteger nossa soberania alimentar e também proteger a segurança alimentar dos europeus", concluiu Macron.