Putin participa de tradicional evento anual de perguntas e respostas

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fará o balanço anual em um formato integrado, que combina a tradicional sessão de perguntas diretas da população com uma coletiva de imprensa ampliada.

O presidente russo, Vladimir Putin, participa nesta sexta-feira (19) da tradicional maratona anual de perguntas e respostas, um dos eventos políticos mais importantes. Durante o encontro, Putin fará o balanço das ações realizadas ao longo do ano, apresentará novas diretrizes e responderá a perguntas de jornalistas.

O primeiro evento deste tipo foi realizado em 24 de dezembro de 2001. Desde 2023, o formato da chamada "Linha Direta" foi unificado à grande coletiva de imprensa anual.

Os participantes tiveram a oportunidade de enviar suas perguntas a Putin por telefone, SMS, redes sociais (VK, OK, Max), um aplicativo especial e outros canais. Nos eventos deste formato, o presidente costuma abordar o desenvolvimento econômico e os programas sociais, as medidas de apoio a famílias e regiões, a agenda internacional e a segurança nacional, assim como o progresso tecnológico, incluindo a inteligência artificial e a digitalização. 

De acordo com o Kremlin, este ano, as perguntas relacionadas aos participantes da operação especial são as mais importantes. Até 18 de dezembro, já haviam sido recebidas mais de dois milhões de perguntas para a "linha direta" com Putin, relatou a imprensa russa. 

Os representantes da imprensa internacional, inclusive de países hostis, também terão oportunidade de fazer perguntas a Putin.

Rússia está disposta a pôr fim ao conflito por meios pacíficos

A Rússia está disposta à pôr fim ao conflito ucraniano por meios pacíficos, declarou o presidente.

Putin destacou que, após as negociações em Istambul, a Ucrânia também aceitou inicialmente os acordos, mas logo desfez o consenso. Agora, o desejo de Kiev de pôr fim ao conflito não é visível, ressaltou.

"Permitam-me lembrá-los de como tudo começou: com o golpe de Estado na Ucrânia em 2014 e a ilusão de uma possível solução pacífica para todos os problemas após os acordos de Minsk", observou o presidente.

"A única coisa que quero dizer é algo que sempre afirmamos: estamos prontos e dispostos a pôr fim a este conflito por meios pacíficos, com base nos princípios que expliquei em junho passado no Ministério das Relações Exteriores da Rússia, e abordando as causas profundas que levaram a esta crise", declarou.

Situação atual na linha de frente 

As tropas russas continuam avançando ao longo de toda a linha de frente, destacou o presidente russo.

Putin declarou que, com a libertação da província russa de Kursk, "a iniciativa estratégica passou completamente para as mãos das Forças Armadas russas".

"Nossas tropas estão avançando por toda a linha de frente. Em alguns lugares, mais rápido, em outros, mais devagar, mas o inimigo está recuando em todas as direções", afirmou.

Putin sobre possível congelamento de ativos russos: "Não é roubo, é assalto"

A possível apreensão dos ativos russos congelados em bancos europeus não pode ser qualificada como furto, é "um assalto", declarou o presidente. 

"Furto não é o termo correto. Furto é uma apropriação às escondidas de propriedade, mas aqui eles querem fazê-lo abertamente. É um assalto", denunciou Putin.

"Mas por que esse assalto não pode ser feito? Porque as consequências podem ser graves para os assaltantes", acrescentou.

"Em primeiro lugar, não é fácil. Não só anunciaram que iriam assaltar e levar tudo, como uma das ideias era emitir um empréstimo garantido com os nossos ativos. Mas o que significa emitir um empréstimo? Tem consequências para o orçamento de todos os países", explicou o presidente.

Putin exalta prosperidade russa em oposição à crise europeia

A dívida pública russa continua entre as mais baixas das economias desenvolvidas, declarou o presidente da Rússia.

Putin ainda destacou que, em três anos, o crescimento da economia do país foi de 9,7%, um ritmo "muito mais alto do que na Europa". Ele também indicou que o problema de inflação na Rússia está se resolvendo, estimando uma taxa 5,7-5,8% no fim do ano.

Conforme o levantamento do portal analítico Trading Economics, a dívida pública da Rússia representa 16,7% do total do Produto Interno Bruto do país. O presidente Putin reafirmou que, nos próximos três anos, a dívida russa não deve subir a um nível superior a 20%.

Comparativamente, os países ocidentais registram níveis significativamente maiores: 44% no Reino Unido, 62% na Alemanha, 113% na França e 124% nos Estados Unidos.

Сomo Putin sabe o que o povo precisa

Durante o tradicional balanço de perguntas e respostas, Putin também explicou a uma criança que esse tipo de evento é muito valioso para entender o estado de espírito da sociedade russa.

'Estamos prontos para acabar com essa escória'

O presidente da Rússia destacou sua disposição em pôr fim às atrocidades contra civis cometidas pelas forças ucranianas. 

"[Os combatentes russos] estão prontos para ir além e acabar com essa escória", declarou Putin.

Ele citou as palavras do tenente-major Naran Ochirgoriaev, Herói da Rússia, que relatou os crimes perpetrados pelo Exército ucraniano.

"Eles viram o que estavam fazendo com as pessoas, com a população civil, atirando em idosas, matando-as com drones", denunciou.

"Amigo confiável e parceiro estável da Rússia"

O presidente da Rússia também respondeu a uma pergunta da agência estatal chinesa Xinhua.

"Considero Xi Jinping um amigo confiável, um parceiro estável e um aliado da Rússia", afirmou, acrescentando que as relações entre Rússia e China são um "fator importante para a estabilidade global e no cenário internacional."

"Não pedimos nada de extraordinário"

A Rússia não quer nada fora do comum em relação à construção de um novo sistema de segurança na Europa, apenas pede que sejam cumpridas as promessas assumidas pelos países ocidentais, declarou Putin.

O presidente expressou sua esperança na criação de uma nova arquitetura a esse respeito, não por meio da expansão da OTAN, mas de uma forma que "ninguém seja excluído do processo nem colocado em condições difíceis".

Ele abordou o tema da cooperação entre a OTAN e a Rússia, lembrando que o país propôs duas vezes em sua história, em 1954, na época da União Soviética, e em 2000, aderir à aliança, mas os seus pedidos foram rejeitados.

"Não se tratava simplesmente de cooperação, mas de adesão direta. [...] Mas tanto no primeiro quanto no segundo caso, compreendemos que não havia lugar para nós lá", afirmou Putin.

Ele destacou ainda que as promessas feitas à Rússia sobre a não expansão do bloco militar ainda são ignoradas: "Mais uma vez, fomos enganados: houve várias ondas de expansão da OTAN. 

Putin revela que 'basicamente aceitou' as propostas de paz de Trump na cúpula do Alasca

Putin afirmou que Moscou havia "basicamente" aceitado as propostas do presidente dos EUA, Donald Trump, para uma solução pacífica do conflito na Ucrânia, propostas essas que foram discutidas pelos dois líderes em sua cúpula em Anchorage, no Alasca, em agosto passado.

Respondendo a uma pergunta de um correspondente da NBC sobre se ao rejeitar a proposta de paz do presidente dos EUA, Donald Trump, ele se consideraria "responsável pelo que acontecer na zona da operação especial na Ucrânia em 2026", Putin enfatizou que a Rússia não iniciou o conflito armado na Ucrânia.

"Não nos consideramos responsáveis ​​pelas mortes porque não começamos. Esta guerra começou após o golpe na Ucrânia, o golpe armado e inconstitucional de 2014, e depois que os líderes do regime de Kiev iniciaram ações armadas contra seus próprios cidadãos no sudeste da Ucrânia", disse ele.

Por sua vez, ele ressalta que a Rússia se recusou por muito tempo a reconhecer a independência das então autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, observou.

Putin comenta retórica agressiva de chefe da OTAN sobre Rússia

O presidente russo descreveu o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, como "inteligente, sistemático e eficaz" durante seu mandato como primeiro-ministro dos Países Baixos, mas afirmou que suas declarações atuais sobre o suposto conflito com a Rússia não fazem sentido.

"Conheço pessoalmente o atual secretário-geral da OTAN, o senhor Rutte. Ele foi primeiro-ministro dos Países Baixos. Na época, fui lá visitá-lo, conversamos; ele é uma pessoa inteligente", lembrou Putin. "Sei que ele era um primeiro-ministro inteligente, sistemático e eficaz, e a economia dos Países Baixos está em boa situação, e isso é, em parte, mérito dele", acrescentou.

Mas, de acordo com Putin, em cargo como secretário-geral da OTAN, Rutte mudou a retórica em relação à Rússia. "O que ele diz agora? Às vezes, dá vontade de perguntar: 'Por que você fala em guerra com a Rússia?'. Eles querem se preparar para uma guerra com a Rússia. Você sabe ler? Leia a nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA", declarou Putin, referindo-se ao fato de que esse documento destaca que a Rússia não figura como inimiga de Washington.

Mais informações em breve.