Os líderes da União Europeia (UE) concluíram uma maratona de negociações de mais de 14 horas em Bruxelas sem chegar a um acordo sobre a alocação de ativos russos congelados à Ucrânia, informou o Politico nesta quinta-feira (18), citando fontes da UE.
Os participantes fizeram uma breve pausa na cúpula do Conselho Europeu em Bruxelas por volta da 1h30 da manhã (horário local) e continuarão as discussões durante a madrugada.
De acordo com a publicação, a falta de consenso representa "um sério golpe na unidade" do bloco. Enquanto isso, um plano alternativo teria ganhado força: a emissão de nova dívida conjunta para arrecadar € 90 bilhões (R$ 583 bilhões) ao longo de dois anos para apoiar o orçamento do regime de Kiev.
O plano, no entanto, seria elaborado sem a participação da Hungria, Eslováquia e República Tcheca, países que se opõem ao uso dos ativos russos.
Roubo de ativos russos
Desde fevereiro de 2022, países ocidentais, incluindo Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, mantêm congelados mais de US$ 300 bilhões em ativos estatais russos. Desse total, cerca de US$ 242,8 bilhões estão no bloco europeu, em grande parte sob custódia da instituição financeira belga Euroclear.
Em setembro, a Comissão Europeia propôs conceder à Ucrânia um "empréstimo de reparação" de 140 bilhões de euros, financiado com recursos desses ativos congelados.
A iniciativa enfrentou resistência dentro do próprio bloco. A Bélgica rejeitou a proposta em diversas ocasiões, citando o risco de ações judiciais por parte de Moscou, posição compartilhada por outros países. Apesar disso, a União Europeia decidiu, em 12 de dezembro, manter o bloqueio dos ativos russos por tempo indeterminado.
Em resposta, o Banco Central da Rússia anunciou a abertura de processos legais contra a Euroclear, por "ações ilegais" que teriam causado prejuízos, e contra os planos da Comissão Europeia de utilizar os ativos congelados "direta ou indiretamente" sem consentimento.
Autoridades russas afirmam que a medida viola o direito internacional e classificam a iniciativa como "roubo".
Em 27 de novembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou que o país "está desenvolvendo um pacote de medidas de represália" e advertiu que o confisco teria "consequências negativas para o sistema financeiro mundial", afirmando que a confiança na zona do euro "desmoronará".