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'UE quer financiar guerra e atrasar a paz': enviado do Kremlin compara intenções da Europa e dos EUA

Kirill Dmitriev afirmou que Washington, diferentemente de Bruxelas, "propôs financiar a paz, a restauração e o crescimento".
'UE quer financiar guerra e atrasar a paz': enviado do Kremlin compara intenções da Europa e dos EUAGettyimages.ru / Maksim Konstantinov/SOPA Images/LightRocket

O representante especial do Kremlin para investimentos e cooperação econômica com países estrangeiros, Kirill Dmitriev, comparou na quarta-feira (18) as motivações da União Europeia (UE) e da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para financiar a Ucrânia.

A declaração ocorreu no contexto do plano prolongado da UE de usar ativos russos congelados para um empréstimo à Ucrânia, iniciativa sobre a qual Trump classificou como "o problema da UE" segundo o portal Politico.

Em uma publicação na rede social X, Dmitriev acusou a União Europeia de tentar "roubar ilegalmente" as reservas russas congeladas. Ele advertiu que a medida, em sua avaliação, levará a uma grave perda de credibilidade da economia europeia, afetando o proprio Euro, os mercados financeiros e a infraestrutura do sistema de liquidação Euroclear, onde parte dos ativos está depositada.

"A UE quer financiar a guerra e atrasar a paz. Os EUA propuseram financiar a paz, a restauração e o crescimento", escreveu. 

Roubo de ativos russos

Desde fevereiro de 2022, países ocidentais, incluindo Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, mantêm congelados mais de US$ 300 bilhões em ativos estatais russos. Desse total, cerca de US$ 242,8 bilhões estão no bloco europeu, em grande parte sob custódia da instituição financeira belga Euroclear.

Em setembro, a Comissão Europeia propôs conceder à Ucrânia um "empréstimo de reparação" de 140 bilhões de euros, financiado com recursos desses ativos congelados.

A iniciativa enfrentou resistência dentro do próprio bloco. A Bélgica rejeitou a proposta em diversas ocasiões, citando o risco de ações judiciais por parte de Moscou, posição compartilhada por outros países. Apesar disso, a União Europeia decidiu, em 12 de dezembro, manter o bloqueio dos ativos russos por tempo indeterminado.

Em resposta, o Banco Central da Rússia anunciou a abertura de processos legais contra a Euroclear, por "ações ilegais" que teriam causado prejuízos, e contra os planos da Comissão Europeia de utilizar os ativos congelados "direta ou indiretamente" sem consentimento.

Autoridades russas afirmam que a medida viola o direito internacional e classificam a iniciativa como "roubo".

Em 27 de novembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou que o país "está desenvolvendo um pacote de medidas de represália" e advertiu que o confisco teria "consequências negativas para o sistema financeiro mundial", afirmando que a confiança na zona do euro "desmoronará".